Fórum debate o impacto econômico da pandemia nas receitas das instituições de saúde 

Debatedores frisam que os problemas enfrentados pela rede hospitalar brasileira vão muito além da “fuga” dos pacientes em decorrência da Covid-19

O impacto econômico gerado pela pandemia de Covid-19 nas receitas das instituições de saúde foi um dos assuntos debatidos durante o primeiro dia de realização do Fórum Healthcare Business 2020. O médico Leonardo Barberes, membro da Diretoria da Federação Brasileira de Hospitais (FBH) e secretário-geral da Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro (AHERJ), mediou as discussões ao lado dos debatedores Fernando Torelly, superintendente do Hospital do Coração (HCor), e Carlos Costa, CEO da Rede Paulo de Tarso de Cuidados Continuados e Integrados.

Em sua oitava edição, o Fórum Healthcare Business foi realizado este ano, entre os dias 20 e 22 de outubro, em formato digital, devido às medidas para evitar aglomerações. O tema escolhido para esta edição –  “O despertar de uma nova Saúde” – está intimamente relacionado ao cenário pandêmico de Covid-19. Ao todo, o evento contou com a participação de 28 palestrantes, em 12 mesas de debates. Além da queda das receitas dos estabelecimentos de saúde, outros temas, como saúde mental e telemedicina, também foram abordados.

Na mesa que tratou do esvaziamento dos centros de saúde em decorrência da pandemia de Covid-19, os debatedores lembraram que os problemas econômicos enfrentados pela rede hospitalar brasileira vão muito além da “fuga” dos pacientes. “As receitas dos hospitais despencaram e os custos operacionais, sobretudo com insumos, aumentaram consideravelmente. Será que só o retorno dos pacientes seria suficiente para socorrer o setor?”, questionou Leonardo Barberes.

De acordo com Carlos Costa, o problema de caixa dos hospitais brasileiros é antigo. Ele lembra que o setor já vinha mergulhado em uma crise antes mesmo de a pandemia chegar, o que só se agravou. “No início da pandemia, alguns insumos chegaram a sofrer aumento de até 5.000%. Foi um absurdo. Entre os meses de maio e junho, a nossa receita teve uma queda de quase 50%. Não bastassem as quedas nas receitas, ainda tivemos que investir na ampliação de Unidades de Terapia Intensiva e em medidas de barreiras de segurança”, contextualiza.

Ainda que de forma dura e sofrida, a pandemia também deixou um legado para gestores de todo o país. Segundo Fernando Torelly, a Covid-19 forçou gestores e técnicos a  pensarem e gerirem a saúde de uma nova forma, focada em modelos mais assertivos e colaborativos. “O desafio da gestão hospitalar, para os próximos anos, será a eliminação do desperdício e a busca pela eficiência. Esse é o grande legado que esta pandemia nos deixa”, reflete o superintendente do HCor.

* Por Felipe Nabuco
visaohospitalar@fbh.com.br