O Hospital Evangélico de Belo Horizonte (HE), juntamente com suas nove unidades de atendimento médico, hospitalar e de educação na capital, Contagem e Betim está à procura de parceiros comerciais dispostos a investir R$ 11,4 milhões na ampliação de 20 leitos de CTI e do bloco cirúrgico da unidade Serra, onde funciona o único hospital do grupo. Ambas visam aumentar atratividade e potencializar a receita de serviços. Atualmente, a instituição filantrópica atende 75% via SUS e 25% por meio de convênios e particulares.

O espaço para as duas obras fica no próprio Hospital. Com a transferência do Centro de Especialidades para uma unidade externa em curso, será possível readequar o uso do prédio. A previsão de retorno do aporte é de 3 anos.

Conforme o superintendente financeiro, Rogério Franco Guimarães, os dois projetos são fundamentais para a sustentabilidade do negócio. “No caso do CTI, a abertura de novos leitos é uma segurança a mais para pacientes do SUS, nosso principal público, e para as operadoras de planos de saúde parceiras. Também poderemos auxiliar a capital mineira, que tem taxa de ocupação de 90%”, enfatiza. A ampliação do bloco cirúrgico vai permitir à unidade aumentar a oferta de cirurgias eletivas (programadas) para pacientes da capital e também do interior, por meio de convênios com municípios do Estado.

No primeiro semestre, o HE entregou a reforma completa do bloco cirúrgico da Unidade Serra, atualmente com oito salas e a primeira etapa da ampliação e revitalização do seu Centro de Nefrologia em Contagem, totalizando R$ 1,5 milhão em investimentos. “Com a obra de Contagem, o HE assumiu 100% da demanda SUS por hemodiálise na cidade. Vamos ampliar nossa capacidade de atendimento lá de 540 para 948 pacientes, o que repercute nos municípios vizinhos onde não existe essa estrutura”, relata o gestor.

Para este ano, o HE tem previsão de crescimento entre 30% e 40%, com redução de 5% nos custos operacionais. Em 2021, depois de nove anos, fechou o exercício com faturamento de R$ 191 milhões, incremento de 28% no comparativo com o período anterior e superavit de R$ 604,452 mil, que foi imediatamente disponibilizado para o custeio operacional, para cobrir parte do déficit gerado pelo atendimento do SUS, conforme sinaliza Rogério Franco.

Gestão SUS

Consolidar uma trajetória de crescimento, para um hospital filantrópico, passa de forma decisiva pelo modelo de gestão adotado. No HE, as unidades têm priorizado as diversas ferramentas disponíveis para otimizar a oferta de serviços e garantir bons resultados para o negócio.

Na unidade Serra, a implantação do Núcleo de Excelência em Segurança, Qualidade e Desfechos Clínicos (NESQUAD), iniciativa pioneira no Estado, é parte da estratégia adotada. “A área uniu setores estratégicos para criar uma estrutura de gestão linear, sistêmica e contínua, por meio da integração de serviços, para aumentar a eficiência assistencial e oferecer uma estadia de qualidade para o paciente”, explica a diretora, Claudia Hermínia de Lima e Silva.

Análise dos dados

Com atendimento de 100% da demanda SUS por hemodiálises e tratamento oncológico em Betim, na Região Metropolitana de BH (RBMH) e em mais 13 municípios do entorno, o Complexo de Serviços de Saúde do HE tem priorizado o acompanhamento sistemático do desempenho da unidade para alocar melhor os recursos recebidos, conforme a gestora, Juliane Camargos.

A unidade é composta por Centro de Oncologia com atendimento ambulatorial e de quimioterapia, Centro de Nefrologia com dois salões de hemodiálise, Laboratório de Análises Clínicas e Centro de Oftalmologia. As cirurgias são realizadas no Hospital Público Regional de Betim, até a construção de uma unidade hospitalar do HE no município. Atualmente são atendidos 7 mil pacientes.

“Fazer parte da rede assistencial do SUS em Betim é muito importante para o HE, enquanto instituição filantrópica. Compor esse sistema é um grande desafio que nos permite exercer a nossa missão de servir e oferecer atendimento digno e de qualidade. Fazemos uma gestão estreita dos custos e dos processos adotados para alcançar as metas estipuladas, o que nos permite manter a constância do repasse de recursos e também o acesso a incentivos financeiros. Também prestamos conta mensalmente, o que demonstra que somos acompanhados pelo nosso contratante”, ressalta.

Oftalmologia para todos

Com crescimento de 21,62% nos procedimentos realizados no primeiro trimestre de 2022 (consultas, exames e cirurgias) no comparativo com o mesmo período do ano passado, as duas unidades do Centro de Oftalmologia do HE (BH e Betim) têm o desafio de, com receita fixa do SUS, aumentar o acesso a uma especialidade médica que ainda é desconhecida por 25% dos brasileiros.

O gestor responsável, médico oftalmologista e especialista em gestão SUS, João Neves, afirma que o modelo de negócios SUS requer um acompanhamento específico. “Trabalhamos com o que se chama de excelência operacional em gestão: máximo perfil de utilização do parque tecnológico instalado (para diluição de custos fixos), processos muito bem estruturados e controlados, estrutura de pessoas mais enxuta possível, mínimo de falhas em processos (para mínimo desperdício). Assim se consegue o máximo de produtividade com mínimo custo por procedimento”, argumenta.

Outra parte da estratégia adotada pelas unidades é se manter no radar do contratante, no caso, o SUS, por meio da ampliação da oferta de serviços que caracterizam a atenção básica em oftalmologia, como as consultas refracionais. Com área superior a 1 mil metros quadrados, as duas clínicas têm, juntas, 78 médicos e 96 funcionários. A estrutura inclui, ainda, 5 salas de cirurgia, 3 de exames e 19 consultórios.