Janeiro Branco: especialistas alertam para cuidados com a saúde mental

Em mês de conscientização, profissionais destacam a importância do rápido diagnóstico e os hábitos que podem ser adotados para ajudar no bem-estar

Cada vez mais pautado no dia a dia, os problemas de saúde mental como depressão e ansiedade vêm se tornando recorrentes em pessoas de diferentes idades, gêneros e classes sociais. Como mais uma alternativa para conscientizar a população e desmistificar doenças do tipo, iniciou-se em 2014 a campanha “Janeiro Branco”, que tem como principal objetivo chamar atenção para estes problemas que afetam milhares de pessoas em todo o mundo.

Segundo Júlio Frota Lisbôa Pereira de Souza, cofundador e CEO da Eurekka, maior rede de saúde mental do Brasil, alguns hábitos simples podem ser adotados para ajudar no bem-estar físico e mental das pessoas, como respirar fundo e fazer uma pequena pausa entre as tarefas do dia; procurar técnicas de relaxamento muscular e alongamentos; praticar exercícios e manter uma boa alimentação; e se precisar de ajuda, procurar um psicólogo para não agravar o problema.

Para Henrique Souza, cofundador da Eurekka, apesar de janeiro ser o mês da conscientização, o cuidado tem que ser diário. “O bem-estar mental deve ser levado em consideração constantemente, seja nas tarefas diárias, no trabalho ou entre outros afazeres. O estresse exagerado pode prejudicar emocionalmente”, diz.

Os psicólogos reforçam que o sentimento de cuidado e acolhimento é de extrema importância para as pessoas. É importante estarmos atentos às mudanças de comportamento, já que este fator pode sinalizar eventuais transtornos mentais.

Insônia pode ser indicativo de transtornos mentais

Bem como mudanças comportamentais, um aspecto importante que deve ficar no radar de pessoas que sofrem ou já sofreram com a saúde mental é a insônia. Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC), a pedido da Pfizer Brasil, em setembro de 2020, apontou que a tristeza foi relatada por 42% dos pesquisados, seguida pela insônia e irritação, com 38%.

Além disso, 36% dos entrevistados relataram sofrer de angústia ou medo, ao passo que 21% sofrem com crises de choro. Metade do público entrevistado classificou a própria saúde mental como ruim ou muito ruim.

Para o psiquiatra da Vigilantes do Sono, Caio Bonadio, problemas no sono demandam atenção, pois afetam profundamente a qualidade de vida. “Quando se tem dificuldade de começar e manter o sono, e quando se desperta antes da hora programada, isso pode gerar problemas diurnos. Geralmente, quando essa dificuldade é apresentada de forma crônica o paciente está com algum transtorno. Quando a baixa qualidade do sono passa a interferir no dia a dia é hora de buscar tratamento”, alerta.

Com uma solução digital que rompe as barreiras de acesso ao tratamento padrão ouro para a insônia, a Vigilantes do Sono também tem auxiliado seus pacientes em quadros de ansiedade e depressão. Em uma pesquisa realizada com colaboradores do Grupo Fleury, houve redução de 40% no índice de insônia, 53% de redução no índice de ansiedade e 60% de redução no índice de depressão.

Atualmente o NPS médio do programa é de 9.2 e o app da Vigilantes é, hoje, o maior aplicativo de sono do Brasil, com mais de 34 mil pacientes no programa, além de ser o mais bem avaliado para Android e Iphone, entre os apps de sono com mais de 1.000 avaliações, inclusive em comparação aos aplicativos internacionais.
Simbolismo da campanha

Para a neuropsicóloga da Nilo Saúde, Cláudia Memória, o simbolismo do janeiro branco é de extrema importância para tratarmos deste problema. “Acredito que é uma forma de sensibilizar as pessoas. Sem esse tipo de iniciativa, talvez não teríamos espaço para falar sobre o assunto. Vejo como algo bem-vindo”, diz a especialista. Cláudia também destaca como o início do ano tende a deixar as pessoas mais propensas a refletir sobre si e mais receptivas a campanhas desse tipo. “A frase “sem saúde mental, não há saúde” tem sido muito associada a iniciativas como essas”, diz.

No entanto, a neuropsicóloga ressalta que é necessário nos atentarmos aos sinais, pois nem tudo é ansiedade ou depressão. Por mais que o mês chame atenção para problemas deste tipo, aceitar que as dificuldades fazem parte da vida, especialmente neste momento de pandemia, em que a saúde mental ganhou mais espaço nos debates públicos. “Passar por um momento de tristeza, como uma perda, não significa estar deprimido. Não podemos e nem precisamos fazer um alarmismo em torno do assunto, os extremos sempre são perigosos. O ideal é buscar ajuda profissional para o diagnóstico correto”, destaca.

Para identificar eventuais problemas de saúde mental, a especialista pontua que é fundamental atentar-se aos sinais. “Quando uma pessoa mais extrovertida se mostra tímida e calada ou, quando introvertida, demonstra sinais de irritação constante, podem ser indícios de que está com algum problema. O conhecimento é extremamente importante para não subestimarmos os sintomas. Além disso, o autocuidado mostra-se como uma ferramenta fundamental na preservação da saúde mental”, afirma a neuropsicóloga.