Após mapear 222 empresas ligadas à cannabis e ao cânhamo no Brasil, a Kaya Mind divulgou uma análise exclusiva que revela os segmentos em que essas companhias estão distribuídas

Em seu mais recente relatório sobre os impactos ambientais, sociais e econômicos do cânhamo no Brasil, a Kaya Mind, empresa brasileira especializada em dados e inteligência de mercado no segmento da cannabis, do cânhamo e de seus periféricos, revelou que atualmente existem 222 empresas brasileiras exclusivamente voltadas ou relacionadas ao mercado de cannabis no país. Destas, 37 possuem ligação com insumos do cânhamo.

De acordo com a startup, conforme já era esperado, por conta da legislação, a maior parte delas (48,8%) está ligada ao mercado de cannabis para uso medicinal. Na sequência, estão as empresas que trabalham com cannabis para uso adulto (16,2%), seguida das companhias que trabalham com cannabis para uso adulto/nutricional (10,8%), uso medicinal artesanal (8,1%), no segmento de flores de cânhamo (5,4%), de sementes de cânhamo (4%), de fibras de cânhamo (4%), de terpenos (1,3%), fitocanabinoides(1%) e sementes da cannabis (0,3%). As empresas foram separadas em até três categorias.

É importante reforçar que as 222 empresas não correspondem à totalidade de companhias voltadas ao mercado da cannabis no Brasil — esse valor é referente ao valor encontrado em um mapeamento realizado pela Kaya Mind a partir de pesquisas internas.

Além dessas classificações previamente divulgadas, a Kaya Mind foi mais a fundo e enviou uma análise com exclusividade para a Folha de S.Paulo que revela que essas 222 empresas no Brasil estão distribuídas em 32 especialidades. Segundo a startup, cada uma delas pode se enquadrar em até três categorias.

De acordo com os dados da startup, dentre esses 32 segmentos, a maioria das empresas atua na especialidade de Saúde, representando 20,5% do valor total, seguida de Importação, com 12,3%, e Headshop, com 5,2%. Na sequência, estão empresas ligadas ao setor de Alimentos (4%), Hospitais e clínicas (4%). Fora as outras que representam entre 1 e 3% do total. Aqui, também, cada empresa pode ter até três especialidades diferentes.

Veja o infográfico abaixo para entender a distribuição das empresas ligadas ao cânhamo mapeadas por especialidade no Brasil:

Segundo Maria Eugenia Riscala, co-fundadora e CEO da Kaya Mind, por mais que os insumos do cânhamo tenham virado tendência em países regulamentados por conta da sua alta capacidade de produção de matérias primas, hoje, a planta se encontra em uma zona cinzenta em relação à sua legalidade no Brasil, pois contém quantidades insignificantes de fitocanabinoides psicotrópicos, mas, ao mesmo tempo, ainda é proveniente da Cannabis sativa L.

Para a executiva, é essencial que o Brasil entre nesse mercado o quanto antes e, assim, consiga se equiparar aos outros países que já o incorporaram, aproveitando as vantagens agrícolas, econômicas, sociais e sustentáveis proporcionadas pela planta.

“Os projetos de lei existentes, como o PL 399/2015, são oportunidades importantes para seguir esse caminho, mas é preciso driblar e compreender a complexidade dos obstáculos para criar uma indústria sólida e exitosa. Uma vez isso feito, se abrirá uma vastidão de possibilidades no território brasileiro” comenta Maria Eugenia.

Segundo Thiago Dessena Cardoso, co-fundador da Kaya Mind, a partir da regulamentação do cânhamo e de outras subespécies da Cannabis sativa L., políticas autoritárias diminuiriam e, assim, se estabeleceria uma vida mais justa e digna às populações impactadas. De acordo com os dados levantados pela empresa, os recursos angariados por meio da legalização, que seriam volumosos, poderiam ser, em boa parte, redirecionados a políticas voltadas a esses grupos minoritários.