Especialistas acreditam que a crise sanitária da Covid-19 poderá agravar o cenário da doença no Brasil

A pandemia causada pelo novo coronavírus afetou o tratamento de pacientes oncológicos. Dados da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) apontam que 74% dos médicos relataram que pelo menos um ou mais pacientes interromperam ou adiaram o tratamento por mais de um mês durante a pandemia.

O levantamento ainda apontou que os procedimentos mais postergados foram as cirurgias e os exames de prosseguimento – situações que podem contribuir para o agravamento da enfermidade. Para o oncologista clínico do Instituto de Câncer de Brasília (ICB), Caio Neves, o principal efeito foi a redução de diagnósticos precoces, “com a pandemia, muitas pessoas deixaram de ir aos hospitais para fazer exames preventivos, os índices de biópsia caíram cerca de 40% em todo Brasil”. Para Caio, o diagnóstico tardio pode ser um fator complicador no tratamento, “para quem está no estágio inicial, o tratamento é, em sua maioria, curativo”, conta.

Apesar do receio da Covid-19, Maria de Fátima Viana de Sousa, 66 anos, seguiu a recomendação dos especialistas e buscou um médico ao suspeitar que algo não estava normal. Em abril deste ano ela descobriu um tumor e já iniciou o tratamento. “Ainda não tinha tomado a vacina contra Covid-19 e fiquei com medo de me expor ao vírus. Mas, com as medidas de segurança da clínica e o apoio da minha família, consegui superar e dar continuidade ao tratamento”, relata.

A volta da normalidade

Uma boa notícia é que com o avanço da vacinação contra Covid-19 no país, a procura por tratamentos e diagnósticos está voltando ao normal. “Com a vacinação os pacientes estão perdendo o medo de irem até uma clínica ou hospital. O ambiente seguro, protegido e seguindo todas as precauções faz com que os nossos pacientes se sintam à vontade para retornar”, conta o oncologista.

Como os tratamentos contra o câncer geram uma imunossupressão, ou seja, redução da eficiência do sistema imunológico, a vacina é um grande aliado para pacientes oncológicos. Vacinada com as duas doses, Maria de Fátima, comemora:, “hoje não tenho mais medo, sou uma mulher de muita fé. Vou ao hospital fazer o tratamento para me curar e lá me sinto segura”, concluiu.