Alta no consumo de dispositivos médicos é justificada pelo crescimento de internações, cirurgias e realização de exames no SUS, mesmo com retração da produção doméstica
O setor de produtos médico-hospitalares andou de lado, em 2023, mas apesar disso um número expressivo de vagas no mercado de trabalho foi aberto. No acumulado de janeiro a dezembro, foram 4.442 novos empregos nas atividades industriais e comerciais do setor de dispositivos médicos, que hoje totaliza 165.884 trabalhadores (número que não inclui os empregados em serviços de complementação diagnóstica e terapêutica). Um incremento de 2,8%, na comparação com 2022. O segmento que mais contratou foi ‘Indústria de instrumentos e materiais para uso médico, odontológico e de artigos ópticos’, com incremento de 2.456 postos de trabalho. A indústria nacional retraiu 7,5%, no período.
O consumo de dispositivos médicos, em relação ao ano anterior, cresceu apenas 1%. Os setores que tiveram melhor desempenho foram reagentes e analisadores para diagnóstico in vitro, com alta de 5,7% e materiais e equipamentos para a saúde, com um desempenho 3,2% melhor. Já o segmento de Próteses e implantes recuou 1%. Os dados estão no Boletim Econômico da Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde (ABIIS), que acaba de ser divulgado.
“A abertura de tantas vagas de emprego com crescimento de apenas 1% mostra o quanto esse setor é essencial para a economia do país, além da importância que já tem para os sistemas público e privado de saúde”, afirma o presidente executivo da ABIIS, José Márcio Cerqueira Gomes.
No mesmo período, as importações de produtos para a saúde totalizaram US$ 6,7 bilhões, um crescimento de 5,6%. Já as exportações caíram 2% e somaram US$ 784 milhões. A balança comercial, em 2023, ficou deficitária em US$ 5,9 bilhões, aumento de 6,7% no déficit da balança comercial do setor, em um ano.
A alta no consumo de dispositivos médicos é justificada pelo crescimento de internações, cirurgias e realização de exames no Sistema Único de Saúde. As internações aumentaram 5,6%. Entre janeiro e dezembro foram registradas 13.067.064 milhões, sendo a grande maioria para tratamentos clínicos, que tiveram alta de 1,8%. No período, não foram registradas internações para o tratamento da Covid-19 no SUS.
Já as cirurgias tiveram uma alta de 10,2%, com a realização de 5.705 milhões de procedimentos no período, ante 5.178 milhões, em 2022. As ‘cirurgias obstétricas’ são a maioria e representam cerca de 20% do total. O que teve o maior crescimento foi ‘cirurgias do aparelho geniturinário’, com alta de 22,1%.
Em 2023, a realização de exames na atenção ambulatorial do SUS cresceu 11,1%, com a realização de 1.236 milhão de exames. Com o controle da pandemia, a realização de diagnósticos por testes rápidos recuou 1,4% no período em questão.
“Acreditamos em um incremento modesto nos números, em 2024, mas sempre mantendo a tendência de crescimento do setor, considerando que há espaço para novas tecnologias”, finaliza José Márcio Cerqueira Gomes.
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