Neste Novembro Azul, o Dr. Reinaldo Uemoto, urologista do Hospital Santa Catarina – Paulista, esclarece as principais dúvidas dos pacientes nas consultas; doença ainda é cercada de tabus

Com a retomada das consultas de rotina e acompanhamento nos hospitais, depois do duro período de alta ocupação por conta da pandemia, campanhas como o Novembro Azul ganharam ainda mais importância. O mês que se inicia é dedicado à prevenção do segundo tipo de câncer mais comum entre os homens, o de próstata. Em 2020, foram quase 66 mil casos, com cerca de 16 mil mortes.

A próstata é uma pequena glândula situada abaixo da bexiga, existente apenas nos homens, que é responsável pela produção da maior parte do sêmen, líquido liberado durante uma relação sexual. Geralmente, os tumores na próstata evoluem de forma lenta e assintomática. Por isso, é importante saber o que é mito e o que é verdade com relação a essa doença que ainda é cercada de muitos tabus. O Dr. Reinaldo Uemoto, urologista do Hospital Santa Catarina – Paulista, responde:

A atividade sexual aumenta o risco de câncer de próstata?

MITO – Ao contrário do que se pensa, estudos preliminares mostram que os homens que ejaculam com mais frequência apresentam um risco menor de desenvolver câncer de próstata. Os motivos para essa ocorrência ainda não são conhecidos, mas a liberação de ocitocina, o “hormônio do prazer”, pode ser um dos motivos. Por outro lado, o aumento no número de parceiras sexuais pode ser prejudicial, porque pode levar a comportamentos sexuais de risco, o que também torna o homem mais vulnerável diante das doenças sexualmente transmissíveis (DST).

A vasectomia causa câncer de próstata?

MITO – A vasectomia foi taxada como vilã no aumento da ocorrência de câncer de próstata após um estudo publicado em 2010. No entanto, outros trabalhos científicos publicados posteriormente derrubaram essa hipótese. Homens vasectomizados devem tomar exatamente os mesmos cuidados que os homens que não realizaram o procedimento. A prevenção inclui manter um estilo de vida saudável, evitando a obesidade e o tabagismo, além de realizar exames e consultas médicas de rotina. O exame de toque retal é recomendado, geralmente, para pacientes acima dos 50 anos, ou homens com mais de 40 anos que tenham histórico familiar da doença.

É possível ter câncer de próstata antes dos 40 anos?

VERDADE – Embora seja extremamente raro, o câncer de próstata pode acometer homens com menos de 40 anos. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 75% dos casos anuais ocorrem a partir dos 65 anos. Os índices de mortalidade também aumentam consideravelmente entre os idosos. Menos de 10% dos casos incidem em pacientes abaixo dos 50 anos. Ainda assim, consultas preventivas são recomendadas para os homens dessa faixa etária que tiverem antecedentes familiares, ou que apresentarem sintomas como dificuldade de urinar ou necessidade de urinar mais vezes durante o dia. O acompanhamento de rotina com um urologista também é recomendado para todas as idades.

O aumento da próstata é um sinal de câncer?

MITO – Depois dos 45 anos, mais de 90% apresentam algum grau de aumento da próstata, condição conhecida como hiperplasia prostática benigna. Isso pode causar dificuldades para urinar, como uma redução de fluxo do jato urinário, ou urgência miccional, como acordar no meio da noite para urinar, entre outros sintomas. O aumento da próstata, no entanto, não tem nenhuma relação com o câncer de próstata. Geralmente, o câncer tem evolução silenciosa na fase inicial. Na fase avançada, os sintomas podem incluir cansaço generalizado e dores ósseas.

O câncer de próstata causa diminuição da virilidade?

MITO – Não é o câncer de próstata, em si, que pode causar a diminuição da potência sexual ou a esterilidade, e sim os tratamentos para cura ou controle da doença. Técnicas como hormonioterapia, quimioterapia, cirurgia e radioterapia podem levar à disfunção erétil ou à infertilidade. No entanto, esses tratamentos são comuns a diversos tumores e absolutamente necessários para a recuperação do paciente. Vale lembrar que a escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada e definida após se discutirem os riscos e benefícios com um médico.

A retirada da próstata deixa o homem impotente?

EM PARTES – Existem dois tipos de doença prostática que podem evoluir para um tratamento cirúrgico. A hiperplasia prostática benigna (HPB) pode necessitar de cirurgia se o tratamento clínico não for bem sucedido. Nesse caso, remove-se apenas o núcleo da próstata que está levando a obstrução da uretra, e essa operação não acarreta em problemas de ereção. No caso do câncer de próstata, a remoção total da glândula pode ser indicada, e isso pode levar à diminuição da ereção em até 25% dos casos. Nos últimos anos, esse inconveniente foi minimizado com a introdução da cirurgia robótica, que possibilita uma melhor preservação do feixe neurovascular da próstata.