O Dia Nacional de Luta pela Redução da Mortalidade Materna visa conscientizar gestantes e profissionais sobre os cuidados do pré-natal
No dia 28 de maio, o Ministério da Saúde instituiu o Dia Nacional de Luta pela Redução da Mortalidade Materna. Um problema grave na nossa sociedade, o dia tem como intuito conscientizar gestantes, profissionais que as acompanham e seus parentes dos riscos que podem levar a morte da mulher. Com quase o dobro do número aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), no Brasil se tem uma média de 59,1 mortes maternas a cada 100 mil nascidos vivos.
Segundo o ginecologista Luiz Fernando Petrucce, do Hospital Anchieta de Brasília, 90% das mortes que ocorrem poderiam ter sido evitadas. “A mortalidade materna, que é definida como a morte da mulher no período da gravidez ou no puerpério, pode ser facilmente evitada se tiver uma atenção de saúde precoce ou acesso aos serviços de saúde de maneira adequada”, fala. O ginecologista aponta que hipertensão e problemas correlacionados, infecção e hemorragia são as principais causas de mortalidade materna no mundo.
Hipertensão
O Dr. Petrucce explica que o Brasil possui uma grande dificuldade quando se trata de hipertensão em gestantes. “Muitos profissionais que negligenciam às vezes pequenas alterações pressóricas, além da falta de estrutura e de solicitação de exames durante o pré-natal”, complementa.
Nas diretrizes de atenção à hipertensão arterial na gestação é definido que mulheres diagnosticadas com hipertensão, eclâmpsia, pré-eclâmpsia ou síndrome de HELLP, precisam ser tratadas precocemente e acompanhadas com muita cautela. “A gravidez nesses casos precisa ser interrompida na 37ª semana, para evitar complicações no organismo materno e a mortalidade”, explica. No entanto, na maioria das vezes, a gravidez vai até a 40 ª semana.
“É importante também prestar atenção a qualquer mudança súbita na pressão arterial da gestante”, ressalta o médico. Ele explica que uma mulher que normalmente tem uma pressão de 10 por 6, por exemplo, apresentar uma subida súbita para 12 por 8, é preocupante. “É uma subida de 30 milímetros de mercúrio que precisa ser investigada. Por isso a mulher precisa procurar o médico e realizar exames de sangue e laboratoriais”, acrescenta.
Hemorragia e infecção
Segundo o médico ginecologista, tanto hemorragias quanto infecções são problemas que surgem devido à falta de acesso a serviços de saúde e infraestrutura inadequada para atendimentos hospitalares. Luiz Fernando explica que quando há infecções, apesar de serem facilmente tratadas no início, as mulheres chegam ao hospital com um quadro muito grave e avançado. “Isso acontece pela falta de acesso aos hospitais ou falta de informação. Se no pós-parto a mulher tiver febre, ela deve procurar também serviço de saúde”, enfatiza.
Já nos casos de hemorragia, a falta de atenção é o principal problema, podendo acontecer 24 horas até 15 dias após o parto. De acordo com o Dr. Petrucce, sangramentos são comuns após o parto, mas eles vão diminuindo. “Se a mulher percebe que dia após dia esse sangramento está aumentando, também deve procurar atendimento mais precocemente possível”, concluí.