Psiquiatra atenta para o poder do toque reconfortante

A pandemia ressignificou a visão de mundo da maioria das pessoas. O isolamento social fez com que pequenos gestos fossem valorizados, assim como as relações. Quem não sentiu falta de um abraço na hora do medo?

Para a psiquiatra Maria Francisca Mauro, os benefícios do abraço vão desde uma percepção de acolhimento e proteção, até a mudança dos níveis de estresse.

“Ao abraçar, temos uma contenção emocional. Essa é uma pausa para que dois corpos se encontrem. É neste momento em que podemos ter tranquilidade e diminuir o desconforto emocional”, afirma a psiquiatra.

O contato com o outro pode ser muito benéfico para a saúde física e mental, além de aprimorar a capacidade de socialização. A seguir, Maria Francisca Mauro lista três benefícios do abraço. Confira:

1 – A empatia em forma física

Por mais que a “virtualidade” possa expressar uma realidade e proximidade de experiência, o toque físico carrega em si uma outra força de presença e desencadeia uma cascata interna de reações emocionais diferentes.

A importância deste “abraço acolhedor” é poder sentir certa comunhão ou junção de emoções. De acordo com esta quebra da solidão, ele pode dar um “quentinho no coração”, assim como proporcionar um conforto emocional. O abraço é capaz de expressar a empatia de uma forma física.

2 – Liberação de hormônios do bem estar

De acordo com o propósito e a forma em que acontece, alguns teóricos falam de uma liberação da ocitocina, que é um neurotransmissor produzido por células do nosso cérebro, também referido como o hormônio do amor. Temos alguns estudos que mostram uma diminuição do nível cortisol decorrente do abraço.

3 – O poder de dar e receber

Quando questionamos sobre dar e receber abraços, tudo depende de quem está oferecendo e sendo abraçado. O poder dessas duas ações está contido no que representa a carga emocional entre aquelas pessoas ou o momento, assim como a entrega de cada uma.

 

Uma opção ao abraço em tempos de pandemia

Para a psiquiatra Maria Francisca Mauro, o abraço continua cancelado e muitos estão atravessando esse momento de forma individual, mas vale buscar uma conexão por áudios ou chamadas de vídeo, que têm o poder de oscilação de emoção maior do que a troca de mensagens escritas.

Outra dica é lançar mão de um pet, como muitos fizeram e reportam que os está ajudando. No entanto, cuidado para não sentir no pet mais uma tarefa ou obrigação para a sua rotina.

Quem está sofrendo com a ausência de um toque pode ponderar, de acordo com os cuidados necessários, se vale fazer alguma massagem corporal que possa propiciar esta sensação de cuidado e presença.

É importante esclarecer que nada substituirá um abraço de verdade, pois cada expressão de sentimento ou cuidado sempre é única e carregada de valores simbólicos. No entanto, um grande aprendizado deste período é o olhar que abraça e o sorriso que transpassa a máscara. O contato visual positivo e uma voz que acolhe também podem ser um alento.