Condição pode gerar hipertensão e diabetes, comprometendo a função dos rins

Um dos mais preocupantes fatores de risco para doença renal crônica (DRC) vem crescendo expressivamente no Brasil. A obesidade registrou aumento de 72% em 13 anos na população adulta, segundo dados do Ministério da Saúde reunidos no Mapa da Obesidade da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO).

O levantamento mostra que mais de 20% dos brasileiros adultos[i] estão obesos e 55,4% estão acima do peso. O excesso de peso é caracterizado pelo Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou maior do que 25, enquanto a obesidade requer IMC superior a 30. O índice é calculado pela divisão do peso (kg) pelo quadrado da altura (m).

Com o aumento da massa corporal, o nível de trabalho dos rins cresce na mesma proporção. Assim, eles podem atingir uma sobrecarga, trabalhando mais para filtrar o sangue e comprometendo seu pleno funcionamento.

Além disso, pessoas com sobrepeso e obesidade possuem maior tendência em apresentar outras doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. Ambas contribuem para a saturação da função renal, danificando os rins.

A hipertensão, o diabetes e a obesidade são classificadas como Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), que respondem por cerca de 36 milhões ou 63% das mortes no mundo[ii].

“A combinação desses três fatores de risco pode facilitar a formação de placas de gordura, que atrapalham o fluxo de sangue nas artérias. Com esse fluxo comprometido, os rins são sobrecarregados, ocasionando a doença renal crônica”, explica Bruno Zawadzki, diretor médico da DaVita Tratamento Renal, líder em serviços de diálise no Brasil.

Dados do Censo de Diálise (2023) da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) apontam mais de 157 mil pessoas em tratamento de diálise por ano. A diálise é uma das terapias renais substitutivas quando os rins apresentam um grau elevado de perda de função.

Desses pacientes em tratamento, 30% estão com sobrepeso e 15% apresentam obesidade graus I e II.

A melhor forma de cuidar da saúde renal é desenvolver bons hábitos de saúde. Movimentar o corpo praticando exercícios que melhorem a função vascular como a musculação e exercícios aeróbicos auxiliam de maneira significativa a saúde dos rins.

A alimentação também pode ser uma forte aliada na prevenção da DRC. Para auxiliar no controle das pedras nos rins, do diabetes e da pressão arterial elevada, a alimentação deve ser focada na ingestão de frutas, verduras, vegetais, legumes, grãos integrais e na diminuição do consumo de açúcares, carnes vermelhas, ultraprocessados e bebidas alcoólicas

Dia Mundial do Rim e a importância do diagnóstico precoce

O Dia Mundial do Rim é celebrado anualmente em mais de 150 países sempre na segunda quinta-feira do mês de março e tem como tema central em 2024 a “SAÚDE DOS RINS (& exame de creatinina) PARA TODOS: porque todos têm o direito ao diagnóstico e acesso ao tratamento[iii]”.

Assim como testes de urina e glicose, o exame de creatina é uma das principais formas de monitorar a saúde dos rins.

Por se tratar de uma substância produzida pelos músculos e dispensada apenas pelos rins, a creatinina serve como um parâmetro para detectar doenças renais. Isso acontece porque o seu funcionamento se dá de maneira bastante semelhante a um marcador, afinal, quando há uma desordem neste órgão, o seu nível sobe.

Por ser uma condição que muitas vezes é silenciosa, é importante buscar orientação médica e se atentar aos sintomas de cansaço, inchaço nos olhos, pés e tornozelos, vontade de urinar várias vezes durante a noite, mal-estar e urina espumosa ou com sangue e pressão alta de início recente.