Detecção precoce pode aumentar em até 95% as chances de cura da doença

“Entre de peito nessa luta”. O convite do Centro de Oncologia Campinas está feito por meio da campanha que realiza a partir do próximo dia 1º. Agora, é observar o que recomenda o Outubro Rosa e buscar orientação, prevenção e conscientização. Essas palavras são determinantes no mês que trata sobre o câncer de mama, uma doença cujas chances de cura podem aumentar até 95% quando diagnosticada no início.

Na esteira da prevenção e dos cuidados com a saúde, o Outubro Rosa evidencia a luta para superar o paradigma de que o diagnóstico é uma sentença condenatória. A evolução dos tratamentos trouxe novas perspectivas e mais confiança aos que são diagnosticados. Porém, é preciso a colaboração para conseguir êxito na missão de alcançar o diagnóstico precoce.

Para reduzir os números de detecção tardia, a oncologista Mary Thereza, do Centro de Oncologia Campinas, reforça a necessidade de desmistificar a doença, o que só começa quando o conhecimento se agrega às definições sobre o câncer de mama. “É precisar acabar com esse medo de realizar o autoexame, de procurar por sinais da doença. Realizar a prevenção é parte imprescindível do processo. Outubro Rosa é todo dia”.

O Instituto Nacional de Câncer informa sobre os importantes avanços nos cuidados do câncer de mama nos últimos anos. A individualização do tratamento trouxe abordagens menos mutilantes e igualmente eficientes. O Inca reforça que quando a doença é tratada no início, há maior potencial curativo.

Mary Thereza avalia que a preocupação das mulheres com a detecção precoce aumentou nos últimos anos, porém, a pandemia alterou os números crescentes. “A pandemia comprometeu o diagnóstico de todos os tipos de câncer, porque os exames regulares foram negligenciados em virtude do medo de se infectar com a Covid. Agora, com a vacinação adiantada, é preciso que as mulheres retomem a antiga rotina o quanto antes”.

O também oncologista André Moraes, do Centro de Oncologia Campinas, faz um comparativo. Lembra que na década de 1990, era preocupante a quantidade de casos de câncer em estágio adiantado que tratava. Nos últimos anos, houve uma inversão e a detecção precoce evoluiu. “As campanhas de orientação, a melhor oferta da rede saúde e a conscientização das pessoas contribuíram para que a situação mudasse”, observa.

O momento atual, contudo, é de alerta. Moraes conta sobre o aumento do número de pacientes que chegam já com o câncer em estágio adiantado, um efeito previsto da pandemia. “Desde o ano passado já se previa esse aumento. Os exames de rotina foram negligenciados. Os sinais também foram ignorados e tudo está repercutindo agora, com um aumento sensível de casos avançados”.

Outra questão determinante da detecção precoce, salienta o oncologista Fernando Medina, é utilizar corretamente todos os recursos ofertados para combater o câncer de mama. “Não adianta oferecer exames de mamografia, por exemplo, se a mulher não conhece detalhes importantes sobre a doença, como a necessidade de realizar o autoexame mensalmente, de procurar um médico regularmente e os fatores de risco que muitas vezes podem ser minimizados”.

Boa parte da informação necessária para combater o câncer de mama, lembra o especialista do Centro de Oncologia Campinas, vem por meio de campanhas como o Outubro Rosa, que orienta, conscientiza e ensina. “Saber, por exemplo, que o histórico familiar para a doença é importante, ou que uma alimentação saudável e atividades físicas reduzem riscos, contribui para a maior atenção ao câncer, a seus sinais e para diminuir os riscos”.

Programação

As ações do Outubro Rosa ocorrem em um momento de princípio de retomada graças ao avanço da imunização. O Centro de Oncologia Campinas preparou uma programação que incluiu orientação, prevenção e também cuidados com a autoimagem e autoestima das pacientes, tudo dentro dos protocolos sanitários. A largada será dada dia 1º de outubro, quando as luzes se acenderão para cobrir de rosa a sede do Centro durante todo o mês de outubro.

Serão contemplados pelas ações todos os aspectos que envolvem o câncer de mama, em eventos abertos a pacientes e ao público. As palestras com profissionais de saúde, como oncologistas, nutricionistas, educadores físicos e psicólogos, se somarão a atividades pensadas para valorizar os cuidados com as pacientes.

“A força de mulheres nos projetos vencedores do câncer de mama” é o tema de uma das palestras previstas, da médica Silvia Brandalise, presidente do Centro Infantil Boldrini. A micropigmentadora paramédica Ana Savoy atenderá gratuitamente 80 pacientes para procedimentos de sobrancelha e aréola. No dia 23 de outubro, uma caminhada reunirá a comunidade para reforçar as propostas do Outubro Rosa.

E no mês de conscientização sobre o câncer de mama, não faltarão depoimentos de mulheres vencedoras, que dividirão a experiência de “entrar de peito nessa luta” e sair dela mais fortalecidas.