Casos são raros e mulheres com implantes devem manter o acompanhamento conforme a indicação médica

A agência americana Food and Drug Administration (FDA) emitiu recentemente um alerta para mulheres que possuem ou que desejam implantar silicone nas mamas, comunicando que, apesar de raros, certos tipos de câncer podem se desenvolver no tecido cicatricial de todos os implantes, independente do tipo da superfície – lisa ou texturizada – e se são preenchidos com soro fisiológico ou silicone. O risco deste câncer já era conhecido por especialistas no Brasil e é chamado de linfoma anaplásico de grandes células, um tipo de nódulo causado pelo sistema imunológico. A lesão foi associada principalmente às próteses com superfícies texturizadas, pois elas causam mais inflamação ao corpo.

De acordo com o médico mastologista do Eco Medical Center, em Curitiba, Rodrigo Bernardi, é necessário ter calma ao abordar o assunto. “É realmente muito importante levar informação a todas as mulheres que têm a escolha de submeter-se ou não a essa cirurgia, mas não é necessário um grande alarde, pois os casos são raros a nível mundial”, afirmou.

Falar sobre câncer de mama e levar informação de qualidade para as mulheres é indispensável, conforme mostra um estudo publicado recentemente: a campanha de conscientização sobre o câncer de mama “Outubro Rosa” aumenta o número de mamografias realizadas em outubro e nos dois meses seguintes, no Sistema Único de Saúde (SUS).

Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) foram realizadas 3,4 milhões de mamografias no Brasil, em 2021, em mulheres atendidas pelo SUS. Apenas no Sul do Brasil, foram 64 mil exames.
Dados do último levantamento da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética apontam que foram realizadas 1,3 milhão de cirurgias plásticas no Brasil, em 2020. Do total, 172 mil foram para aumento das mamas – representando 13% – e 105 mil mastopexias, procedimento para reposicionar os seios, que também pode ter a utilização da prótese.

O especialista alerta que o ideal é manter o acompanhamento médico e realizar os exames sempre que indicado pelo especialista. “Não existe uma rotina específica de acompanhamento para mulheres com próteses mamárias, mas é indispensável procurar um profissional em casos de sinais como retração da pele, nódulos ou descarga mamilar. Todas as mulheres devem fazer o exame de mamografia anualmente, a partir dos 40 anos de idade, para as que possuem implantes, indicamos também a ultrassonografia”, explicou.

COMO FAZER OS EXAMES – De acordo com o médico radiologista Lucas Gennaro, da Eco Imagem de Curitiba, o preparo é o mesmo para todas as pacientes e inclui evitar a utilização de cremes, talcos e/ou desodorantes, nas mamas e axilas, que podem interferir nas imagens.

“No momento do exame, quando constatado a presença de implantes, obtemos imagens adicionais utilizando a chamada ‘manobra de Eklund’ na qual excluem-se as próteses das imagens mamográficas, o que melhora a visualização das estruturas mamárias e aumenta a precisão diagnóstica. Além disso, seguindo as recomendações dos fabricantes de implantes, nós reduzimos a força de compressão das mamas durante a aquisição das imagens para evitar danos às próteses”, explica.

Rodrigo Bernardi lembra que outros exames podem ser solicitados. “Também existe a tomossíntese que é ainda mais precisa e indicada de acordo com alguns critérios, em consulta médica”.

Na contramão dos implantes, o Brasil registrou, também em 2020, 25 mil cirurgias para a retirada das próteses de silicone. O número representa um crescimento de 31,6% em relação a 2019, quando a mesma pesquisa apontou 19 mil cirurgias com este fim.

A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda a mamografia de rastreamento anual a partir dos 40 anos para mulheres de risco habitual e a partir dos 30 anos para mulheres de alto risco. Aquelas que apresentam qualquer tipo de sintoma devem procurar auxílio médico o mais rápido possível, inclusive as jovens.