Outubro Rosa: mitos em torno do câncer de mama atrasam diagnósticos

O câncer de mama é o tipo mais incidente entre as mulheres no Brasil e, embora ainda assuste, o avanço da medicina e a conscientização têm garantido maior qualidade de vida e melhores chances de cura às pacientes. Um dos fatores determinantes para esse sucesso é o diagnóstico precoce, tema amplamente reforçado durante o Outubro Rosa.

 

Entretanto, o rastreamento adequado, muitas vezes, acaba não sendo feito por conta de alguns mitos que ainda circulam sobre a doença. Entre os mais comuns, a oncologista Bruna Carone, médica do Instituto de Oncologia de Sorocaba (IOS), cita:

 

1- “Mamografia causa câncer” – falso. A radiação utilizada é mínima e o exame continua sendo a principal ferramenta para o diagnóstico precoce.

2- “Só quem tem histórico familiar tem câncer” – falso. A maior parte dos casos é esporádica, sem relação com herança genética.
A especialista reforça que a informação é uma das maiores aliadas no enfrentamento da doença. Segundo ela, o câncer de mama, quando diagnosticado precocemente, tem mais chance de cura. “Além disso, o tratamento em alguns casos pode ser menos agressivo, com cirurgias mais conservadoras e menor necessidade de quimioterapia”, afirma.
Sinais que exigem atenção

 

Para que esse diagnóstico seja possível, é importante observar o próprio corpo. Muitos sintomas passam despercebidos ou são confundidos com alterações comuns. “Nódulos palpáveis geralmente chamam muito a atenção. Mas, em alguns casos, o câncer de mama pode aparecer como uma inflamação na mama (vermelhidão), mudança no formato da mama, retração da pele ou secreção pelo mamilo”, explica a oncologista.
Estilo de vida e prevenção

 

Além da atenção aos exames, os hábitos de vida também são determinantes. “Obesidade, álcool e consumo de alimentos ultraprocessados aumentam muito o risco de câncer de mama. E já temos estudos mostrando que alimentação saudável e atividade física reduzem o risco em quem nunca teve câncer, reduzem recidiva em quem já teve, e melhoram a resposta e tolerância ao tratamento em quem está tratando”, afirma Bruna.

 

Mulheres jovens também precisam se cuidar
Apesar de ser mais frequente em mulheres acima dos 40 anos, o câncer de mama também tem afetado mulheres jovens em proporção crescente. “A incidência em mulheres jovens tem crescido. Por isso, é importante rastrear antes em caso de histórico familiar ou em caso de sintomas, e manter exames ginecológicos (incluindo a palpação das mamas) em dia”, orienta a médica.
Avanços da medicina

 

Se, por um lado, a prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais, por outro, a medicina também tem proporcionado recursos cada vez mais eficazes para o tratamento. A oncologista destaca avanços importantes: surgimento de medicações-alvo com uma melhor resposta da doença; cirurgias menos mutilantes; testes genômicos que ajudam a calcular o risco de retorno da doença e o quão agressivo deve-se ser no tratamento; e medicações orais mais modernas para doenças avançadas.