Oncologista e hematologista do Grupo Oncoclínicas alertam que além do desafio de encontrar um doador compatível, manter o cadastro atualizado é primordial. Dia Mundial do Doador de Medula Óssea (19/09) lembra a importância de um gesto que pode salvar vidas

O Brasil possui o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo, com mais de cinco milhões de pessoas cadastradas no Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea). Mas as chances de encontrar um doador compatível entre não aparentados é de uma em 500 mil pessoas e entre irmãos é de cerca de 30%, o que tende a se tornar ainda mais difícil em plena pandemia.

19 de setembro marca o Dia Mundial do Doador de Medula Óssea e o Grupo Oncoclínicas promoverá um encontro virtual, aberto ao público, no dia 17/09 (quinta-feira), às 17 horas, via NetGlobe, para abordar o assunto no contexto da pandemia e apresentar, ao vivo, as instalações do primeiro centro privado de Minas Gerais integralmente dedicado ao tratamento de câncer, o Oncobio. Estarão presentes dr. Bruno Ferrari (oncologista clínico, fundador e presidente do Conselho de Administração do Grupo Oncoclínicas), dr. Wellington Azevedo (hematologista do Grupo Oncoclínicas), dr. Evandro Fagundes (hematologista do Grupo Oncoclínicas) e outros médicos.

No Brasil, o número de doadores de órgãos caiu 34% e o de transplantes de órgãos teve uma queda superior a 40% desde o início da pandemia da Covid-19, de acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Segundo o mesmo relatório da ABTO, entre janeiro e junho o número de transplantes de medula óssea realizados no país diminuiu quase 20% em relação ao mesmo período de 2019. Para ser um candidato a doador de medula óssea é necessário, antes de tudo, realizar o cadastro, mas os hemocentros revelaram que houve uma redução de quase 30% na procura para se tornar um voluntário.

Para dr. Bruno Ferrari, oncologista clínico, fundador e presidente do Conselho de Administração do Grupo Oncoclínicas, os números são um reflexo do medo de contágio e de diagnosticados com o novo coronavírus ou com histórico de síndrome respiratória aguda grave serem contraindicados para doação. “A expectativa é que esse cenário mude durante este segundo semestre, mas para isso é fundamental informar a população quanto aos processos e fluxos seguros dentro de hemocentros e hospitais, e conscientizar que a doação de medula óssea é um gesto de solidariedade que pode salvar vidas”, destaca o médico.

No Oncobio, primeiro centro privado de MG exclusivamente dedicado ao atendimento oncológico, as medidas de segurança e prevenção contra o coronavírus foram reforçadas, com instalação de proteção acrílica nas recepções, isolamento de poltronas/cadeiras e em consultórios e boxes de tratamento para manter o distanciamento mínimo exigido pelas autoridades de saúde, além de controle de fluxos. A unidade de Onco-Hematologia do Oncobio para tratamento de adultos e crianças conta com uma ala de Transplante de Medula Óssea (TMO), cujos apartamentos possuem um sistema especial de filtragem do ar, chamado de filtros HEPA, e dispositivos eletrônicos para monitorar a higienização das mãos.

“O tratamento em ambiente controlado é altamente eficaz e pode curar a maioria dos casos. O paciente que passa pelo transplante de medula óssea fica em isolamento porque sua imunidade é reduzida a zero, portanto, todos os cuidados são necessários para diminuir as chances de infecção ou contaminação. Até a administração dos medicamentos é feita aqui automaticamente”, explica o hematologista do Grupo Oncoclínicas, dr. Wellington Azevedo.

Como ser um candidato a doador de medula óssea

É possível se cadastrar como doador voluntário de medula óssea nos 106 hemocentros localizados em todos os estados do país. Após preencher uma ficha com informações pessoais são retirados apenas 10 ml do sangue do candidato a doador a fim de fazer o exame de histocompatibilidade (HLA), que cruza com os dados de pacientes à espera do transplante. “Os voluntários devem se ater a manter seu cadastro atualizado (telefone, endereço, e-mail). Assim, quando houver compatibilidade o doador será contatado”, informa dr. Wellington Azevedo.

A doação de medula óssea é um procedimento de baixo risco e, dependendo de alguns fatores, pode ser realizada pelo sangue periférico através de um processo chamado de citaférese ou pela coleta da medula óssea nas cristas dos ossos ilíacos, sob anestesia geral. “É um processo feito em centro cirúrgico que requer internação de 24 horas. Para ser doador é necessário ter entre 18 e 60 anos de idade, estar em bom estado geral de saúde, não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico”, elucida Azevedo.

Receptor de medula óssea: como é o transplante

O transplante de medula óssea é indicado para portadores de doenças onco-hematológicas: leucemias, síndrome mielodisplásica, linfomas e mieloma múltiplo e alguns tumores sólidos, doenças benignas, como falências medulares, imunodeficiências congênitas, hemoglobinopatias e doenças autoimunes.

O transplante de medula óssea pode ser autólogo, quando as células transplantadas são do próprio paciente, ou alogênico, quando são transplantadas células de um doador parente ou não aparentado. Encontrado um doador compatível, o receptor passa, antes do transplante, pela quimioterapia. “Dependendo do caso clínico, é feita radioterapia no corpo inteiro para tratar a doença de base e enfraquecer seu sistema imunológico para aceitar as células do doador”, descreve dr. Wellington Azevedo.

O paciente fica internado em regime de isolamento especial até que a medula óssea do doador comece a produzir os glóbulos brancos, que são as células de defesa do sistema imunológico, o que é chamado de “pega” da medula óssea ou enxertia. “Só então, e quando o paciente estiver sem infecções, se alimentando e se hidratando adequadamente, o que pode levar até 90 dias, ele receberá alta hospitalar”, relata o hematologista.