O oncologista Ramon de Mello alerta para a diminuição das possibilidades de cura
“A redução do número de exames para diagnóstico do câncer de intestino traz preocupação. O fenômeno faz com que o paciente chegue em estágios mais avançados da doença, diminuindo as possibilidades de cura”, alerta o médico oncologista Ramon Andrade de Mello, professor da disciplina de oncologia clínica do doutorado em medicina da Universidade Nove de Julho (UNINOVE), do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e PhD em oncologia pela Universidade do Porto, Portugal.
Segundo dados de pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed) e pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), a pandemia de Covid-19 reduziu em quase 1 milhão o número de exames aplicados para diagnosticar câncer de intestino ou câncer colorretal.
Terceiro tumor oncológico mais frequente em homens e o segundo entre as mulheres no Brasil, excetuando-se o câncer de pele não-melanoma, essa doença também é conhecida como câncer de cólon e reto ou câncer do intestino grosso, que se desenvolve a partir de pólipos. Inicialmente, eles são lesões benignas, que crescem na parede do cólon. Pacientes com predisposição genética e aqueles que mantêm hábitos não-saudáveis podem desenvolver o tumor. “O diagnóstico precoce é essencial e pode alcançar até 95% de chances de cura”, destaca o oncologista.
Entre os fatores de risco, estão as pessoas acima de 50 anos de idade com excesso de peso e alimentação pobre em frutas e vegetais. “A ingestão de alimentos com fibras é muito importante para evitar esse tumor”, afirma Ramon de Mello. Segundo ele, o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados como salsichas, mortadela, presunto, entre outros, também aumenta os riscos, bem como a ingestão de mais de 500 gramas de carne cozida por semana.
O oncologista explica que a doença traz sintomas iniciais que podem ser confundidos com outras enfermidades, como hemorroidas, verminose e gastrite: “A pessoa que percebe sangue em fezes, alterações intestinais, como diarreia e prisão de ventre alternados, dor ou desconforto abdominal, deve procurar um especialista. Esse tumor também pode provocar fraqueza, anemia e perda de peso sem causa aparente”.
O estudo da Sobed da SBCP também mostra que 18.982 pessoas morreram por câncer de cólon e reto em 2020. O número representa um aumento de 38% em quase uma década (Em 2011, foram 13 mil registros). O número de internações, que estava em alta média de 7% ao ano até 2019, começou a cair a partir de 2020. Nesse ano, foram 9,4 mil internações a menos para tratar esse tumor. Em 2021, foram 13,4 mil tratamentos a menos.
Sobre Ramon Andrade de Mello
Pós-doutorado em Pesquisa Clínica no Royal Marsden NHS Foundation Trust (Inglaterra), Ramon Andrade de Mello tem doutorado (PhD) em Oncologia Molecular pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (Portugal).
O médico tem título de especialista em Oncologia Clínica, Ministério da Saúde de Portugal e Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO). Além disso, Ramon tem título de Fellow of the American College of Physician (EUA) e é Coordenador Nacional de Oncologia Clínica da Sociedade Brasileira de Cancerologia, membro da Royal Society of Medicine, London, UK, do Comitê Educacional de Tumores Gastrointestinal (ESMO GI Faculty) da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (European Society for Medical Oncology — ESMO), Membro do Conselho Consultivo (Advisory Board Member) da Escola Europeia de Oncologia (European School of Oncology — ESO) e ex-membro do Comitê Educacional de Tumores do Gastrointestinal Alto (mandato 2016-2019) da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (American Society of Clinical Oncology — ASCO).
Dr. Ramon de Mello é oncologista do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e do Centro de Diagnóstico da Unimed, em Bauru, SP.
Confira mais informações sobre o tema no site.