Segundo médico do Hospital 9 de Julho, a neuroestimulação oferece, dependendo da indicação e do caso, um pouco mais de independência aos pacientes como a possibilidade de abotoar a própria camisa

São Paulo, julho de 2020 – A doença de Parkinson afeta até seis milhões de pessoas no mundo, sendo 1% e 2% de indivíduos acima dos 65 anos de idade e entre 3% e 5% daqueles acima dos 85 anos de idade, segundo o Dr. Cláudio Corrêa, neurocirurgião e coordenador do Centro da Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho. Como o avanço da tecnologia, a doença já conta com tratamentos avançados que podem minimizar os efeitos da mesma.

O Parkinson se manifesta, principalmente, com tremores e rigidez muscular, porém podem ser tratados. De acordo com o Dr. Corrêa, o implante de eletrodos no cérebro, tratamento já utilizado em grandes centros de excelência com bons resultados, recebeu atualizações e novas tecnologias, como baterias com durabilidade de até nove anos e eletrodos compatíveis com ressonância magnética. Com mais tempo sem necessidade de manutenção, evita-se que o paciente exponha-se a procedimentos cirúrgicos frequentes para ajustes no equipamento.

“A cirurgia é bastante simples e, em apenas dois dias, o paciente tem alta. Um ponto importante é que a melhora dos sintomas pode ser sentida muito rapidamente”, afirma o Dr. Corrêa. O médico lembra que há um ganho importante para a qualidade de vida do paciente que tem indicação para o tratamento com eletrodos.

O procedimento que controla os movimentos involuntários chama-se Neuroestimulação Profunda do Encéfalo, em que os eletrodos são posicionados no cérebro estrategicamente, de acordo com o quadro clínico do paciente. Eles funcionam ligados em uma bateria que é colocada na mesma região que um marca-passo para o coração.

Tratamento mais tecnológico

O médico destaca que, embora esse tratamento já seja conhecido, a tecnologia evoluiu e hoje tem mais autonomia pela durabilidade da bateria e possibilidade de ser recarregada em casa. “Com isso, além de diminuirmos a quantidade de medicamentos, os pacientes voltam a fazer atividades mais básicas do dia a dia, como abotoar a camisa ou alimentar-se sem a ajuda de outras pessoas”, afirma.

O tratamento cirúrgico é indicado para pacientes que já não respondem satisfatoriamente à medicação e ainda não estão com os movimentos muito comprometidos. É um procedimento que pode ser realizado com anestesia local e com baixo índice de complicação. No pós-operatório, depois de alguns dias, o neurologista acompanha o paciente ambulatorialmente, programando o eletrodo implantado e ajustando o tratamento com medicamentos, quando for o caso.