Felizmente os temas ligados à saúde mental são cada vez mais discutidos mas nunca o suficiente para alertar toda a população que muita vezes não tem nem noção como tudo se processa.

Para comentar sobre a demência falamos com a psicóloga Roselene Wagner mais conhecida por Leninha e com o neurocientista Fabiano de Abreu. Ambos nos deram um enfoque alargado sobre o tema. Como refere logo de principio Leninha, a vivencia de uma doença mental é brutal não só para quem a vive mais, por norma, muito mais dura para quem cuida. Fabiano de Abreu referiu ainda que muitas vezes os pacientes ficam absortos no seu mundo sem ter bem noção do que se passa ao seu redor.

“ Podemos dizer o seguinte: demências que afetam logo a região frontal, removem a perceção do problema.  Demências que se iniciam no sistema límbico, antecipam a perceção do problema. Ou seja, há pacientes que não chegam nem a ter noção do que aconteceu e outros que estão lúcidos no tempo do diagnóstico e sofrem com a antecipação do que encontrarão.”, refere o neurocientista.

Como explicam os especialistas, pessoas com demência frequentemente experimentam mudanças em suas respostas emocionais. Elas podem ter menos controle sobre seus sentimentos, mudanças bruscas de humor, irritação e respostas exageradas às coisas. Também podem parecer desinteressadas ou distantes. As alterações no cérebro que ocorrem na doença de Alzheimer e outras formas de demência não causam dor. No entanto, as pessoas com demência correm maior risco de sentir dor porque correm maior risco de outras condicionantes que podem causar dor, como quedas, acidentes e lesões.

“ Por exemplo, no caso da doença de Alzheimer, esta destrói progressivamente as células cerebrais ao longo do tempo, portanto, durante os estágios iniciais da demência, muitos reconhecem que algo está errado, mas nem todos estão cientes. Normalmente, a demência passa por 7 estágios. Mas pode variar dependendo da área do cérebro afetada. Ou seja, o tempo de percepção do problema por parte do paciente é de acordo com em quanto tempo a região frontal do cérebro é afetada.”, explica Abreu.

Como nos explicam ambos os estágios da demência são vagamente agrupados em categorias leve, moderada e grave por alguns médicos. No entanto, existe outro sistema de categorização para a demência.

“ Podemos agrupar os estágios dessa doença da seguinte forma: Estágio 1: Sem declínio cognitivo. Estágio 2: Declínio cognitivo leve. Estágio 3: Declínio cognitivo moderado, por exemplo, comprometimento da demência, como lapsos de memória e perda de objetos diariamente. Estágio 4: Declínio cognitivo moderadamente grave, por exemplo, memória de curto prazo fraca, esquecimento de detalhes pessoais e dificuldade com matemática básica. Este é geralmente o estágio mais longo da demência. Estágio 5: Declínio cognitivo moderadamente grave, por exemplo, problemas crescentes de planejamento ou organização, desorientação e pode não ser mais capaz de viver sozinho. Estágio 6: Declínio cognitivo grave, por exemplo, problemas para reconhecer amigos e familiares e perda de memória que piora. Estágio 7: Declínio cognitivo muito grave. Este é o estágio final da demência. Os sistemas do corpo diminuem e a comunicação é limitada.”, referem.

Leninha viveu de forma próxima um caso destes e que se desenvolveu de forma galopante.

“Uma pessoa muito próxima infelizmente lidou com um caso de alzheimer severo. De um momento para o outro desaprendeu coisas que temos por garantidas como conduzir, comer, identificar objetos da nossa vida diária. É muito assustador perdermos as pessoas que amamos mesmo antes de morrer. E mesmo para a própria pessoa havia uma confusão constante de saber que algo estava errado mas não saber identificar o que é, de querer comunicar e de repente perder essa capacidade.”, descreve a psicóloga.