Dados do estudo PURE (Prospective Urban Rural Epidemiology) apontam que mais de 40% de casos e mortes por DVCs no mundo estão relacionados a fatores metabólicos, sendo a pressão alta o principal

Mais de 40% dos casos de doenças cardiovasculares e mortes na população do maior estudo epidemiológico do mundo, o PURE (Prospective Urban Rural Epidemiology), que no Brasil é coordenado pelo Centro Internacional de Pesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, foram atribuídos a fatores metabólicos, sendo a hipertensão o principal, representando 22,3% dos casos.

Aproximadamente 70% dos casos de doenças cardiovasculares e mortes na população geral foram atribuídos a fatores de risco modificáveis, e hipertensão, mesmo sendo um fator metabólico, é um destes. “Com o estudo, já temos dados suficientes para implementar medidas na prática clínica em relação ao infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral, reduzindo a taxa de mortalidade e incapacitação”, explica Dr. Álvaro Avezum, cardiologista, diretor do Centro Internacional de Pesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e um dos autores do estudo.

“O PURE, além de apontar que o fator mais importante para desenvolvimento de doenças cardiovasculares é hipertensão, ainda traz o colesterol em segundo lugar e em terceiro a poluição. Baixa escolaridade aparece como sexto fator e falta de força muscular em nono. O impactante foi ver o fator poluição na frente de fatores de risco sempre apontados por estudos e especialistas, como tabaco e diabetes”, complementa.

Os resultados para hipertensão merecem destaque frente à pandemia do coronavírus, uma vez que a pressão alta é fator de risco para a forma grave da Covid-19. Estudos realizados com pacientes da China apontaram para maior risco de agravamento e morte por Covid-19 em pessoas que apresentam doenças pré-existentes, como diabetes e hipertensão, além de doenças cardiovasculares. No início da pandemia no Brasil, 72% dos óbitos por Covid-19 confirmados eram de pessoas com mais de 60 anos e 70% apresentavam pelo menos um fator de risco.

Diagnóstico e Prevenção

O problema de complicações da doença pode estar na falta de diagnóstico, por conta do aspecto silencioso da hipertensão, que geralmente não apresenta sintomas. Alguns pacientes descrevem tontura, mal-estar, dor de cabeça e dor na nuca, mas isso pode ocorrer quando a pressão já está descompensada e muito alta. Portanto, acompanhamento médico de rotina ajuda no diagnóstico precoce e no tratamento.

Como aponta o estudo global epidemiológico PURE, fatores externos podem comprometer e trazer consequências à saúde. Dessa forma, o especialista ainda explica que não pode ser considerada apenas a medição isolada. “Para prevenção, também é preciso criar medidas e políticas públicas que promovam detecção e controle efetivo da hipertensão arterial. Aproximadamente 15% dos hipertensos no Brasil tem pressão arterial sob controle. Prevenir e tratar a doença adequadamente permitiria redução em 20% do total de casos de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca no mundo”, complementa.

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