Enquanto aqui 66% dos líderes de RH ainda estão preocupados com trabalho remoto e híbrido, lá fora a segurança e aceleração digital são tendências em 2022

O estudo Global Talent Trends 2022, da Mercer, traz à tona as preocupações atuais dos C-Level e líderes de RH do mundo todo, em relação ao futuro do trabalho, aos novos modelos de atuação no ambiente profissional, assim como onde se concentrarão os esforços neste contexto.

De modo geral, nota-se que as prioridades tomam contornos distintos nas organizações dos EUA, Europa e Brasil, provavelmente em função das diferenças de estruturas e cultura dos diferentes lugares. Os temas e suas priorizações vão se repetindo ao redor do mundo, mas a intensidade e foco de prioridades vai se alternando, como por exemplo: nos EUA encontramos como preocupação mais evidente a segurança digital, na Europa a aceleração digital e no Brasil os novos formatos de trabalho.

Um outro aspecto da pesquisa revela que, globalmente, 80% dos executivos C-Level estão preocupados com o impacto do trabalho virtual na construção das relações entre as pessoas. Temem que as relações sejam menos sólidas e que possam afetar a vivência dos valores e rituais que fortalecem a narrativa da cultura organizacional. Na América Latina como um todo, 66% dos líderes de RH também manifestaram apreensão com as mudanças no formato das interações sociais, acreditando que o trabalho digital possa sim afetar construções mais sólidas que historicamente derivam do contato “olho a olho”.

“Um dos motivos que explicam a preocupação dos líderes em manter o trabalho híbrido e remoto é a cultura latino-americana, que busca estabelecer relações, majoritariamente, por um contato mais pessoal, ou seja, em países como Brasil as interações de forma física são fundamentais para a construção e desenvolvimento das relações entre pessoas e empresas”, afirma Guilherme Portugal, Líder de Transformation da Mercer Brasil.

A tendência em relação aos modos mais flexíveis de configuração do trabalho, vem reforçada pelo dado de que globalmente 60% dos participantes querem maior flexibilidade no trabalho, e no Brasil 43%. Porém os líderes estão apreensivos com essa demanda maior por flexibilidade vinda dos colaboradores, já do ponto de vista dos colaboradores de empresas brasileiras, o estudo aponta 43% desejam mais flexibilidade no trabalho, 68% acreditam produzir melhor no sistema híbrido, 72% disseram que trabalham melhor tendo parte da equipe remota e presencial, e 48% se sentem mais conectados aos colegas que trabalham remotamente.

O estudo identificou também alguns desafios que as organizações se deparam para atingir suas metas, são eles: exaustão e esgotamento dos colaboradores, redução de orçamentos da pauta de pessoas, necessidade de implementação de programas de “reskilling e Upskilling” da força de trabalho para que possam executar as estratégias com sucesso, trazer os temas de ESG para a agenda de transformação, implantação inadequada de novas tecnologias, entre outros. Quando falamos em ESG, o estudo identificou que 96% dos colaboradores querem trabalhar em uma empresa sustentável, que aja corretamente com as leis, porém apenas 1 em cada 3 empresas já tem estes indicadores como meta para seus executivos.

Corroborando com o desafio de atuação dos tempos atuais, o estudo identificou cinco tendências que deverão ser priorizadas na estratégia de Recursos Humanos no Brasil em 2022; visando a construção de organizações mais empáticas e flexíveis:

  1. Investir em programas de proteção à saúde e segurança: com ações que considerem a saúde integral do colaborador (41/% farão investimento em saúde física, 47% em saúde emocional e 54% em saúde financeira); Identificamos que apenas 16% dos colaboradores planejam parar de trabalhar após a aposentadoria e 72% esperam apoio da empresa na preparação para o pós aposentadoria. Ou seja, direcionar energia para a saúde financeira da força de trabalho é uma prioridade;
  2. Investir na eficiência de planejamento da força de trabalho para melhor conexão com a estratégia: 98% das organizações planejam tomar ações de transformações da estrutura, 36% dos colaboradores acreditam que a complexidade das organizações seja a maior barreira para a transformação necessária e 1 em cada 5 líderes de RH citam ter iniciado processos desta natureza já 2021;
  3. Redesenhar o modelo de operação de RH (HRT): estabelecer parcerias é a nova ordem;
  4. Revisitar os modelos e pacotes de reconhecimento e recompensa total: o desenho de modelos pautados em contratação/remuneração por “skills” aparecem como uma grande preocupação dos RHs; 81% das organizações apontam estar investigando o conjunto de habilidades que possam potencializar seus negócios e as pessoas, 89% dos colaboradores dizem saber quais são as habilidades necessárias para o futuro ainda que 1 em cada 5 se mostre menos convencido de que serão recompensados por desenvolvê-las;
  5. Colocar a sustentabilidade/ESG no centro da agenda de transformação: 99% dos colaboradores esperam que as empresas reforcem sua atuação no tema e 96% dos executivos tem metas relativas a essa prática.

Com isso, as áreas de RH ganharam mais destaque e importância para o desenvolvimento das organizações. A pesquisa aponta que 83% dos executivos dizem precisar mais do apoio do RH nos últimos 18 meses e que pretendem continuar a fazê-lo em 2022. Em contrapartida, 94% dos líderes de RH demonstraram estarem preocupados com a própria capacidade de entregar a agenda de transformação, principalmente pelo fato da exaustão dos colaboradores e quantidade de prioridades em pauta, o que dificulta o melhor direcionamento das suas estratégias de atuação.

“Todas as tendências identificadas no estudo têm em comum a busca por um modus operandi mais flexível em seus formatos de estrutura de trabalho, relações, modelos de participação e parceria; que seja mais empática com as pessoas e seus modos de ser; mais centrada na potencialização das relações; que leve em conta os colaboradores como pessoas em um processo evolutivo de transformação; e que tome ações considerando o lado humano das organizações, mas de forma integral. Isso nos mostra que as partes querem trabalhar em parceria, ou seja, que as pessoas querem trabalhar com e não para a empresa”, afirma Marisabel Ribeiro, Líder de Talent Strategy da Mercer Brasil.

A sétima edição do Estudo Global de Tendências de Talentos da Mercer reuniu vozes de 11.000 executivos C-Level, líderes de RH e colaboradores representando 16 geografias e 13 indústrias. No cenário brasileiro, foram 54 C-Level, 103 líderes de RH e 514 colaboradores que participaram da pesquisa. Leia o relatório.