Lançado no ano passado, o programa iniciou os processos há cerca de 3 meses e já conta com aproximadamente 400 profissionais da saúde e hospitais cadastrados
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) lançou um programa de certificação e acreditação de profissionais da saúde e hospitais com o objetivo de padronizar o atendimento de pacientes obesos, buscando excelência no tratamento pré e pós-operatório e criar um banco de dados dessa população no Brasil. Modelo poderá ser aplicado em toda América Latina.
O Programa de Certificação e Acreditação em Cirurgia Bariátrica tem como objetivo elevar os padrões de qualidade dos serviços; reconhecer profissionais e hospitais qualificados; padronizar condutas que influenciarão positivamente no desfecho clínico, trazendo segurança e efetividade para os pacientes, ao tempo em que dá maior segurança jurídica para o profissional que foi auditado e certificado pela especialidade, podendo, com isso, trazer redução de custos para o sistema de saúde e uma melhor perspectiva de remuneração para aqueles que demonstrem sua efetiva qualidade através da certificação.
“Com os dados que serão coletados iremos melhorar o conhecimento sobre o perfil dos pacientes operados no país e direcionar políticas e estratégias voltadas para isso”, diz o presidente da SBCBM, Dr. Marcos Leão Vilas Boas.
Segundo o diretor da SBCBM, Dr. Luiz Vicente Berti, o programa também irá influenciar positivamente na escolha do paciente. “Podemos mostrar mais uma vez que a cirurgia bariátrica e metabólica não só traz inúmeros benefícios para a saúde e qualidade de vida daqueles pacientes, mas também, principalmente, que o procedimento diminui os custos do sistema de saúde [público e suplementar]”, explica.
DADOS SEGUROS E EXEMPLO INTERNACIONAL – O processo de certificação e acreditação envolve o cruzamento de dados fornecidos por cirurgiões e hospitais que serão compilados pela World Medical Accreditation (WMA). Estes dados ficarão em ambiente seguro e só serão fornecidos para pesquisas de forma global, preservando a identidade dos profissionais e pacientes.
A experiência brasileira foi considerada um sucesso pela divisão latino-americana da federação internacional de cirurgia bariátrica e metabólica, a International Federation for the Surgery of Obesity and Metabolic Disorders (IFSO), e será aplicada em breve pelas Sociedades representativas de cada país do bloco.
A SBCBM segue o exemplo da Sociedade americana, a American Society for Metabolic and the Bariatric Surgery (ASMBS) que junto ao American College of Surgeons (ACS) criou, em 2012, um projeto semelhante, batizado de Metabolic and Bariatric Surgery Accreditation and Quality Improvement Program (MBSAQIP).
Segundo o ex-presidente da ASMBS, Jaime Ponce, os dados possibilitaram comprovar a eficácia e segurança da cirurgia bariátrica no tratamento da obesidade nos Estados Unidos e melhorar a qualidade nos centros de referência do país. Entre os dados avaliados pelo sistema americano de certificação e acreditação está a perda de peso, melhora das comorbidades a longo prazo, índices de complicações e acompanhamento dos pacientes operados.
“Em nosso processo de certificação e acreditação queríamos ver se os centros de cirurgia possuíam a estrutura, processo e resultados adequados. Se os resultados não fossem satisfatórios, a ideia era implementar padrões para melhorar a qualidade destes centros. Essa seleção levou ao aprimoramento de todo o sistema, trazendo redução dos problemas e aumento da eficiência”, explica Ponce.
PROCESSOS – Todo o processo será realizado e auditado por uma empresa independente, contratada para atender as demandas do sistema brasileiro, antenado com os princípios da SBCBM, e será responsável pelo armazenamento e análise do banco de dados dos profissionais médicos e hospitais. Tudo dentro de todo o sigilo e confidencialidade exigidos pelo ordenamento jurídico.
Na avaliação de Berti, a medicina em todo o mundo caminha buscando a performance, o melhor resultado e o menor custo. A certificação e acreditação brasileira busca isso através da melhora dos processos internos, desde a entrada do paciente no consultório, o intraoperatório e o acompanhamento do paciente após a cirurgia.
“A performance requer qualidade. A qualidade requer certificação e acreditação. Este processo trará segurança para os pacientes, que passarão a entender que ali ele terá médicos e hospitais preparados e o acolhimento adequado para o sucesso do tratamento”, comenta Berti.