Programa gratuito incentiva pessoas com deficiência no mercado de trabalho

Equipe APD Campo Limpo visa autonomia, protagonismo, constituição de vínculos e inclusão da pessoa com deficiência em espaços sociais

Setembro, 2020 – Para a pessoa com deficiência, desenvolver a independência pode ser o diferencial para uma vida com mais qualidade. No Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, comemorado no dia 21 de setembro, o CEJAM (Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”) destaca a importância da atuação pública na promoção à saúde e bem-estar da pessoa com deficiência intelectual.

Esse é o principal objetivo da Estratégia APD (Estratégia Acompanhante de Saúde da Pessoa com Deficiência), um programa previsto na Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência e desenvolvido pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Sob a coordenação e parceria do CEJAM, a equipe APD Campo Limpo, que atua na região sul de São Paulo, atende mensalmente cerca de 140 pessoas com deficiência intelectual.

As ações da iniciativa possibilitam a inclusão de pessoas com deficiência intelectual em espaços sociais, a constituição de vínculos, a autonomia e o protagonismo, oferecendo apoio para a promoção à saúde nos diferentes ciclos de vida, bem como a ampliação de sua participação social.

Como funciona a Estratégia APD

De acordo com o supervisor do programa, Fernando Lemos, cada paciente recebe acompanhamento com um projeto terapêutico singular (PTS), elaborado por uma equipe multiprofissional, composta por enfermeiro, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo e acompanhante da pessoa com deficiência.

“Os atendimentos ocorrem de 1 a 2 vezes por semana na casa do paciente, com atividades que envolvem toda a família, elaboradas para, em conjunto, trabalhar autonomia, independência e socialização”, comenta Lemos.

Dessa forma, o projeto visa também contribuir, por meio dos atendimentos personalizados, para sua inserção no mercado de trabalho, considerado um dos principais desafios da pessoa com deficiência.

Do primeiro emprego à independência

Assim foi com Kaíque Santos Pimentel do Nascimento, com 23 anos, que trabalha como empacotador em um hortifruti graças ao programa APD. Kaíque possui deficiência intelectual leve e teve os movimentos do lado esquerdo do corpo afetados como sequelas de uma meningite.

Sua mãe, Liliane dos Santos, conta que ele sempre quis ser independente, e ter um emprego era parte importante desse desejo. Ao ingressar no programa, a equipe conseguiu uma oportunidade de trabalho e acompanhou todos os processos desde a sua entrevista. “O programa fez muita diferença na vida dele, hoje ele é mais independente, consegue fazer várias coisas sozinho, está muito feliz e realizado com o emprego”, comenta a mãe.

Liliane relata que o suporte da equipe foi fundamental para que seu filho tivesse essa oportunidade. “O carinho e cuidado que elas [as profissionais] têm com meu filho é incrível. Mesmo depois de receber alta, elas seguiram fazendo visitas no trabalho dele, acompanhando e ajudando no que ele precisa”.

Segundo o supervisor do CEJAM, de janeiro a agosto de 2020, dos 140 pacientes em acompanhamento na APD Campo Limpo, 61 receberam alta do serviço e 18 foram direcionados para o mercado de trabalho.

O especialista frisa que, para que o paciente atinja esse propósito, o trabalho da equipe é fundamental. Segundo ele, os profissionais da Estratégia proporcionam vivências em atividades voltadas ao lazer, permitindo, assim, a troca de experiências e colaborando para o seu desenvolvimento social.

“Em cerca de 6 meses, que é a duração média do programa com cada paciente, percebemos uma importante evolução na forma como ele desenvolve sua autonomia, conquistando seu espaço e tornando-se mais confiante de suas capacidades”, comemora.