Uma das seis metas de segurança do paciente preconizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a reconciliação medicamentosa pode reduzir em até 70% os erros de medicação durante transições de cuidado, como a admissão do paciente, a transferência entre setores e a alta hospitalar. A gerente da Farmácia do Hospital Badim (RJ), Sheila Pinto, explica que trata-se de um processo sistemático e contínuo que tem como objetivo garantir que o paciente receba medicamentos corretos em todos os momentos. “Esse trabalho envolve comparar a lista de medicamentos que o paciente já utiliza com as novas prescrições, para identificar e corrigir discrepâncias, omissões ou duplicidades”, afirma a farmacêutica. O resultado vem sendo tão positivo que foi apresentado recentemente no XV Congresso Brasileiro de Farmácia Hospitalar, promovido pela Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde, a Sobrafh.
Por meio da reconciliação medicamentosa é possível prevenir erros relacionados ao uso de medicamentos, como interações, doses incorretas ou interrupções indevidas de tratamentos crônicos. “Ao realizar a reconciliação, evitamos falhas que poderiam levar a reações adversas, internações desnecessárias e até óbitos”, salienta ela.
A iniciativa é um processo multiprofissional, que tem como pilar a atuação da equipe de Farmácia, que acompanha o paciente em todas as etapas. “O farmacêutico tem papel central na reconciliação medicamentosa, mas é importante destacar também que o médico é o responsável pela decisão terapêutica e pela prescrição, enquanto a enfermagem auxilia na obtenção de informações do paciente e no acompanhamento da administração correta. O farmacêutico atua na análise crítica dos medicamentos e na comunicação entre equipe e paciente”, frisa.
É o farmacêutico quem realiza a entrevista com o paciente ou responsável para levantar o uso prévio de medicamentos (prescritos, isentos de prescrição, fitoterápicos e suplementos) e confronta essa lista com a prescrição médica atual. Também identifica discrepâncias e entra em contato com o prescritor para ajustá-las, se houver necessidade. “Além disso, o farmacêutico orienta o paciente na alta, promovendo o uso seguro e a adesão à terapia, o que contribui para prevenir novas internações”, acrescenta Sheila.
Entre os indicadores utilizados no Hospital para demonstrar os resultados da reconciliação medicamentosa, estão:
– Taxa de discrepâncias identificadas por paciente reconciliado
– Número de intervenções farmacêuticas realizadas e aceitas
– Redução de reinternações em 30 dias após alta
– Diminuição de eventos adversos relacionados a medicamentos
– Adesão à farmacoterapia pós-alta
“Hospitais que implementaram programas estruturados de reconciliação medicamentosa também observaram melhora na qualidade assistencial, no índice de adesão terapêutica e na satisfação do paciente. Aqui no Hospital Badim, esse é o nosso propósito: promover a assistência de forma cada vez mais segura e responsável, tendo sempre o paciente no centro do cuidado”, conclui Sheila.