•Município registra quase o dobro da média nacional de diagnósticos

• Agosto Laranja marca o mês de conscientização da doença

Santa Maria, agosto de 2020 – Santa Maria é a cidade brasileira com maior número de diagnósticos de esclerose múltipla (EM) no Brasil. Com uma média nacional entre 15 e 18 casos para cada 100 mil habitantes, o município do Rio Grande do Sul registra 27 casos para a mesma proporção. No total, o país tem cerca de 40 mil casos de EM[1], uma doença com uma ampla diversidade de sinais e sintomas, o que dificulta seu diagnóstico precoce.

Desde 2006, uma lei federal estabeleceu o dia 30 de agosto como o Dia nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla, e o mês todo ganhou o título de “Agosto Laranja” para alertar sobre os sinais e disseminar informações sobre a doença que é mais comum entre mulheres jovens (de 20 a 40 anos).

“Os sintomas mais comuns da esclerose múltipla são a fadiga, problemas de visão (diplopia, neurite óptica, embaçamento), motores (perda de força ou função; perda de equilíbrio) e alterações sensoriais (formigamentos, sensação de queimação) e indicam que muito provavelmente esse indivíduo é portador de EM, uma doença neurológica crônica autoimune, que provoca falhas de conexão entre os neurônios”, explica o neurologista, Juarez Silva Lopes, um dos autores do estudo que aponta Santa Maria como a recordista de casos no Brasil.

Nas pessoas afetadas pela EM, as células imunológicas invertem seu papel: ao invés de protegerem o sistema de defesa do indivíduo, passam a agredi-lo, produzindo inflamações. As inflamações afetam particularmente a bainha de mielina – uma capa protetora que reveste os prolongamentos dos neurônios, denominados axônios, responsáveis por conduzir os impulsos elétricos do sistema nervoso central para o corpo e vice-versa. O diagnóstico é basicamente clínico, complementado por exames de imagem como, por exemplo, a ressonância magnética.

E por conta da diversidade de sintomas, às vezes leva-se tempo até o diagnóstico, essa demora impacta negativamente, já que a doença é progressiva. “O diagnóstico precoce é o maior aliado do paciente, exatamente por isso, precisamos falar sempre sobre a esclerose múltipla. A doença é incurável, mas sua evolução pode ser controlada, garantindo qualidade de vida”, explica o neurologista.

A EM geralmente surge sob a forma de surtos recorrentes, sintomas neurológicos que duram ao menos um dia, mas isso varia de paciente para paciente. “Por isso, é importante não se comparar com outros pacientes, a doença tem perfis distintos. A progressão, a gravidade e a especificidade dos sintomas são imprevisíveis e mudam de uma pessoa para outra”, finaliza o médico.

Sobre a esclerose múltipla [2][3][4]: a esclerose múltipla é uma doença que compromete o sistema nervoso central. É um processo de inflamação crônica de natureza autoimune que pode causar desde problemas momentâneos de visão, falta de equilíbrio até sintomas mais graves, como cegueira e paralisia completa dos membros. A doença está relacionada à destruição da mielina – membrana que envolve as fibras nervosas responsáveis pela condução dos impulsos elétricos no cérebro, medula espinhal e nervos ópticos. A perda da mielina pode dificultar e até mesmo interromper a transmissão de impulsos. A inflamação pode atingir diferentes partes do sistema nervoso, provocando sintomas distintos, que podem ser leves ou severos, sem hora certa para aparecer. A doença geralmente surge sob a forma de surtos recorrentes, sintomas neurológicos que duram ao menos um dia. A maioria dos pacientes diagnosticados são jovens, entre 20 e 40 anos, o que resulta em um impacto pessoal, social e econômico considerável por ser uma fase extremamente ativa do ser humano. A progressão, a gravidade e a especificidade dos sintomas são imprevisíveis e variam de uma pessoa para outra. Algumas são minimamente afetadas, enquanto outras sofrem rápida progressão até a incapacidade total. É uma doença degenerativa, que progride quando não tratada. É senso comum entre a classe médica que para controlar os sintomas e reduzir a progressão da doença, o diagnóstico e o tratamento precoce são essenciais.

Referências
[1] Disponível em http://abem.org.br/esclerose/o-que-e-esclerose-multipla/
[2] Neeta Garg1 & Thomas W. Smith2. An update on immunopathogenesis, diagnosis, and treatment of multiple sclerosis. Barin and Behavior. Brain and Behavior, 2015; 5(9)
[3] Noseworthy JH, Lucchinetti C, Rodriguez M, Weinshenker BG. Multiple sclerosis. N Engl J Med. 2000;343(13):938-52.
[4] Cristiano E, Rojas J, Romano M, Frider N, Machnicki G, Giunta D, et al. The epidemiology of multiple sclerosis in Latin America and the Caribbean: a systematic review. Mult Scler. 2013;19(7):844-54.