Como o DNA pode oferecer informações para prevenir desenvolvimento de doenças genéticas, possibilitar tratamentos mais assertivos e auxiliar o envelhecimento saudável

Diferente das mulheres que desenvolvem o hábito de irem ao médico regularmente, essa cultura do autocuidado não é tão difundida entre os homens. Contudo, apesar da resistência, a procura por um especialista ou consultas de rotina tem aumentado no mundo masculino. Segundo o Sistema de Informação Ambulatorial (SIA), entre 2016 e 2020, os atendimentos destinados aos homens passaram de 425 milhões para 637 milhões, resultando em um aumento de 49,96%.

Graças ao avanço da medicina, cuidar da saúde e bem-estar ficou mais fácil e amplo. Destacando-se entre as alternativas da medicina, o mapeamento genético tem ganhado força nos últimos anos e passou a ser um grande aliado de homens e mulheres nos cuidados com a saúde e bem-estar. E colocando em foco pontos da nossa saúde que podem ser utilizados no dia a dia, em especial para o público masculino. Os resultados podem te auxiliar na escolha de tratamentos mais eficazes ao seu organismo e a reduzir os seus efeitos colaterais.

“Hoje, com o mapeamento genético, podemos apontar diversos pontos que afetam diretamente a saúde do público masculino como câncer de próstata, câncer de bexiga e o desenvolvimento de calvície ”, comenta Ricardo di Lazzaro Filho, médico especialista em genética e fundador da Genera. Para se descobrir essas predisposições, é feito um cálculo de risco genético, que considera pequenas variações encontradas no seu DNA e o impacto de cada uma delas na probabilidade de você manifestar algumas doenças ao longo da vida.

Saúde e bem-estar

Segundo um levantamento do Ministério da Saúde, cerca de 300 mil indivíduos por ano sofrem Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), ocorrendo óbito em 30% desses casos. As doenças cardiovasculares representam as principais causas de mortes dos brasileiros e a previsão é que até 2040 haja um aumento de até 250% desses eventos no país. Os homens registram a maioria dos casos.

“Além da predisposição ao infarto do miocárdio, com o mapeamento genético também é possível entender a tendência de cada um à diabetes, câncer, Alzheimer, Parkinson, obesidade, alcoolismo, vício em nicotina, entre outras. Por mais que a leitura do DNA não seja um diagnóstico, ela já traz os principais pontos de atenção que podem interferir, diretamente, nos hábitos diários de cada um, como alimentação, consumo excessivo de álcool, tabagismo ou falta de atividade física, diminuindo as chances do desenvolvimento dos genes responsáveis por essas patologias”, finaliza Ricardo.

Outros aspectos que podem ajudar desenvolver hábitos diários benéficos à saúde e ao bem-estar também podem ser descobertos por meio de um mapeamento genético, como a interação do seu corpo com determinados nutrientes, vitaminas e dietas e, até mesmo, os seus níveis de resistência física ou ganho de massa e força muscular. Além disso, é possível entender a eficácia de tratamento para o seu organismo, como a resposta do seu corpo a analgésicos e anti-inflamatórios, opióides estatinas, até medicamentos para disfunção erétil, como o popular viagra.

Envelhecimento saudável

Por mais que envelhecer seja parte do ciclo da vida humana, nem sempre encarar esse fato é algo simples para algumas pessoas. Se preparar para chegar a uma idade mais madura é um processo essencial. A genética, por sua vez, está, diretamente, ligada na forma como isso acontecerá com o nosso corpo e mente.

Um dos pontos que mais preocupa muitos homens com a chegada da idade é a calvície, condição relacionada a fatores genéticos, como os níveis dos hormônios sexuais e variações no DNA. “Existe um gene chamado HDAC4 e outro chamado HDAC9. eles desempenham um papel importante no desenvolvimento dos folículos capilares, que são as estruturas que abrigam a raiz dos fios de cabelo. Com o mapeamento é possível entender as variações genéticas que indicam uma maior ou menor probabilidade para desenvolver calvície, de acordo com esse gene especificamente”, explica Di Lazzaro.

O fotoenvelhecimento cutâneo (envelhecimento da pele – rugas e manchas), potencializado pela exposição aos raios UV, tabagismo e alimentação, também tem sua relação com a genética. “O DNA (sigla em inglês para “ácido desoxirribonucleico”) é a molécula que fica dentro de, praticamente, todas as células que compõem nosso corpo, contendo em si toda as informações genéticas que integram e gerenciam cada um de nós. Entender essas informações é um passo muito importante para ter um norte do que precisamos fazer para envelhecer de forma saudável e confiante consigo mesmo. Para os homens, que não cultivam o hábito de ir ao médico rotineiramente, esse pode ser um primeiro passo para quebrar alguns paradigmas com o autocuidado”, diz Ricardo.