Campanha alerta sobre a importância de um gesto que pode salvar vidas

Vítor de Carvalho Queiroz, médico hematologista da Afip Medicina Diagnóstica, explica que os principais beneficiados com o transplante de medula são os portadores de doenças hematológicas como leucemias, linfomas, mielodisplasias (quando a medula para de produzir células saudáveis) e anemias graves, sejam adquiridas ou congênitas. Outras doenças, porém, também podem ser tratadas dessa forma, entre elas doenças do metabolismo, doenças autoimunes e outros tipos de tumores, pontua.

Veja abaixo 5 dúvidas do público sobre a doação de medula óssea, respondidas pelo especialista.

  • Como posso me tornar um doador?

Queiroz afirma que, para ser um possível doador, o primeiro passo é se cadastrar no hemocentro mais próximo. Dessa forma, você fica cadastrado no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME).

  • Quando eu me cadastro no REDOME estou fazendo uma doação de medula?

Não. A doação de medula óssea não é realizada no momento do cadastro. No hemocentro são coletados dados pessoais e uma simples amostra de sangue, para identificação de HLA, um teste que identifica a compatibilidade entre receptor e doador, próprio para o transplante.

Caso seja encontrado algum receptor compatível no banco de dados, o doador será convocado para entrevista e explicação do procedimento, podendo então aceitar ou recusar a doação. O processo todo é feito sob sigilo, e os dados do doador não são informados ao paciente. 

  • Quem pode doar?

É preciso ter entre 18 e 55 anos de idade, estar em bom estado geral de saúde, não ter doença infecciosa ou incapacitante e não apresentar doença neoplásica (câncer) ou hematológica.

  • Como a medula é coletada para o transplante?

Há dois tipos de coletas de medula óssea: por aférese ou cirúrgica. Ambos os procedimentos são realizados em ambiente hospitalar vinculado a um serviço de hemoterapia especializado em transplantes. A escolha pelo tipo de procedimento é feita pelo médico que acompanha o paciente que vai receber a medula.

Na coleta por aférese, o doador faz uso de uma medicação por 5 dias para estimular as células-tronco hematopoiéticas circulantes no sangue. Após o período de estímulo, a coleta é realizada por meio de uma máquina de aférese, que colhe o sangue da veia do doador.

A máquina de aférese filtra e centrifuga o sangue do doador, separando as células-tronco hematopoiéticas. Os elementos do sangue que não são necessários ao paciente são devolvidos ao doador, e as células-tronco hematopoiéticas são congeladas para infusão no paciente que será submetido ao transplante. O procedimento dura cerca de 4 a 6 horas e não há necessidade de anestesia.

Na coleta cirúrgica, é necessária anestesia geral e internação por 24 horas. A medula é retirada do interior dos ossos da bacia do doador por meio de punções com agulha própria. O procedimento dura em torno de 90 minutos, e a medula óssea do doador se recompõe em 15 dias. Os doadores podem voltar às atividades normais uma semana após a doação.

  • A doação é um procedimento de risco?

“O procedimento é considerado de baixo risco, com intercorrências controláveis e relacionadas a anestesia. Por isso, a saúde do doador é checada antes e após o procedimento, com exame físico e exames de laboratório”, explica, Queiroz.

No caso da coleta cirúrgica, pode haver dor após o procedimento, mas é controlável com uso de analgésicos simples. “Há casos de dor de cabeça e cansaço, porém em 15 dias a medula óssea estará completamente recuperada, e os sintomas melhoram nos primeiros dias após a coleta”, esclarece o médico.