Setembro Amarelo: um chamado à empatia e à valorização da vida

Setembro é mais do que um mês no calendário — é um chamado à empatia, à escuta e à responsabilidade coletiva. Desde 2014, o Setembro Amarelo marca a campanha nacional de prevenção ao suicídio, promovida por entidades como o Centro de Valorização da Vida (CVV), a Associação Brasileira de Psiquiatria e o Conselho Federal de Medicina. Trata-se de uma das mais importantes mobilizações de saúde mental do país.

De acordo com os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano no mundo. No Brasil, são registrados cerca de 14 mil casos anuais — o que significa, em média, 38 vidas perdidas por dia. Atrás desses números, há histórias de sofrimento, silêncio e, muitas vezes, de falta de acolhimento.

O suicídio raramente é uma decisão repentina; na maioria das vezes, é o resultado de um processo doloroso que pode se manifestar por meio de sinais sutis. Mudanças abruptas de comportamento, isolamento social, apatia, irritabilidade e falas como “queria desaparecer” ou “vocês estariam melhor sem mim” devem acender um alerta. Esses indícios não podem ser ignorados.

Como psicanalista, vejo diariamente o quanto o silêncio pode ser mortal — e o quanto a escuta pode ser transformadora. Falar sobre dor não é fraqueza, é coragem. Da mesma forma, pedir ajuda não é sinal de derrota, mas de força e de desejo de continuar.

A busca por ajuda profissional especializada é fundamental. Psicólogos, psicanalistas, psiquiatras e terapeutas são aliados nesse caminho. Para casos emergenciais ou quando não há rede de apoio próxima, o CVV oferece apoio emocional gratuito e sigiloso 24 horas por dia, pelo telefone 188 ou pelo site www.cvv.org.br.

A prevenção ao suicídio não se faz apenas em setembro, mas este mês nos oferece a oportunidade de ampliar o diálogo e reforçar a mensagem de que a vida importa — todas as vidas, todos os dias.

Que possamos, juntos, criar uma cultura de cuidado, escuta e esperança.