Médica coloproctologista fala sobre a doença, que é o segundo tipo mais comum no país
Muito se fala em setembro sobre a importância dos cuidados com a saúde mental, mas você sabia que este mês também luta pela prevenção e conscientização do câncer colorretal? A campanha, criada pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), visa aumentar a divulgação desse tipo de câncer, que é o segundo mais comum no país, conforme o Instituto Nacional do Câncer, o Inca.
De acordo com a entidade são esperados quase 50 mil novos diagnósticos até o fim deste ano, sendo 20.520 homens e 20.470 mulheres. Segundo as estimativas do Instituto, haverá um aumento de mais de 12% e com a pandemia da Covid-19, quando muitas pessoas deixaram de fazer exames preventivos, esse índice tende a aumentar.
Aline Nunes Amaro, cirurgiã geral e coloproctologista diz o que é a doença, tratamentos e se há cura. A médica explica que o câncer colorretal ou de intestino é um tipo de tumor que pode ser prevenido. “Cerca de 90 a 95% dos casos têm origem a partir de um pólipo, que é uma alteração causada pelo crescimento anormal da mucosa intestinal. Inicialmente benignos, podem sofrer transformação para malignidade”, aponta.
Ela acrescenta que esses pólipos podem ser identificados e removidos por meio da colonoscopia, e, por isso, atualmente esse exame é indicado como rastreio. “A recomendação é que a primeira colonoscopia seja realizada aos 45-50 anos. Mas, se houver histórico positivo na família, ou outros fatores de risco, o rastreamento deve ser iniciado antes, de acordo com recomendação do especialista”, ressalta Dra Aline.
Há tratamento? E cura?
Segundo a profissional, esta é uma doença tratável e altamente curável. “Quando o tumor é muito inicial ou ainda trata-se de um pólipo com focos de malignidade, geralmente pode ser tratado apenas com a retirada através da colonoscopia”, acrescenta. Ela comenta que o tratamento depende principalmente do tamanho, localização e extensão do tumor. “A cirurgia geralmente é o tratamento inicial, retirando a parte do intestino afetada e os gânglios linfáticos (pequenas estruturas que fazem parte do sistema de defesa do corpo) dentro do abdômen. Outras etapas do tratamento incluem a quimioterapia, associada ou não à radioterapia”, pontua.
De acordo com a proctologista, quando a doença está espalhada, com metástase para o fígado, pulmão ou outros órgãos, as chances de cura ficam reduzidas. “Após o tratamento é importante realizar o acompanhamento médico para monitoramento de recidivas ou novos tumores”, relata.
A especialista destaca que a campanha é de extrema importância para que a população conheça mais sobre a doença, sua prevenção e rastreio, uma vez que a chance de cura é alta quando detectado no momento precoce. “A maior preocupação dos especialistas é justamente conscientizar a população quanto à necessidade desse rastreio, uma vez que os sintomas são mínimos ou inexistem no início da doença, quando os resultados do tratamento são melhores”, finaliza Aline Nunes Amaro, médica coloproctologista do Hospital Anchieta de Brasília.