Rodrigo Correia da Silva*

Comprar pela internet já é um hábito comum para as pessoas, e é o que mais tem crescido entre os consumidores de plantão, inclusive no Brasil. Só no país, o faturamento do comércio eletrônico já ultrapassou a marca de R$ 53 bilhões no último ano, segundo o Webshoppers, relatório com informações sobre o e-commerce no Brasil elaborado pela Ebit, empresa de certificação de lojas virtuais.

Uma grande novidade desse mercado é que o Setor da Saúde é o que lidera as vendas em compras virtuais. Ainda de acordo com o mesmo estudo, em 2019, os pedidos on-line de medicamentos, insumos médicos, perfumaria e cosméticos expandiram 112% se comparados ao ano de 2018, um número que representa 35% do faturamento no país.

Mas esse aumento tem uma explicação: as pessoas estão muito mais engajadas e diariamente conectadas em busca de serviços eficientes, sem a necessidade de sair de casa. Outro fator está relacionado à facilidade de se encontrar na internet valores abaixo do que são comercializados em lojas físicas, atraindo cada vez mais os usuários.

Além disso, o crescimento do consumo on-line por itens médicos também se deve à precariedade de cobertura do varejo off-line e ao aumento da população idosa no Brasil, que também representa uma parcela considerável ao acesso à internet, especialmente via celular. Para se ter uma ideia, o levantamento sobre Macrotendências Mundiais, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), afirma que, até 2030, o mundo terá cerca de 836 milhões de idosos, sendo que, atualmente, são 608 milhões. Esse número irá representar 11,4% da população no Brasil, que, agora, é de 7,8%.

É possível perceber que, com o aumento da faixa etária da população com mais de 65 anos, uma nova demanda foi criada para o setor farmacêutico e de itens médicos. Diversos produtos estão sendo lançados, e boa parte deles pode ser disponibilizada na internet, facilitando a acessibilidade das pessoas à qualidade de vida que o segmento oferece.

Todavia, mesmo com alta demanda, não dá para descartar o fato de que os usuários buscam, acima de tudo, segurança na transação, qualidade de vida e autonomia para cuidar bem de sua condição de saúde e manter uma vida agradável e produtiva. E, quando se trata do autocuidado, toda atenção é essencial na experiência do consumidor, no momento da venda e da entrega das compras, afinal, é válido lembrar que são produtos essenciais para as pessoas que estão enfrentando um momento frágil.

Por fim, acredito que as soluções tecnológicas voltadas para a Saúde não devem ser generalistas, pois precisam atuar com o foco, a responsabilidade e o acolhimento que o setor demanda. Além de comodidade e economia, o paciente ou familiar também busca, entre outros critérios, informações sobre o item que pretende adquirir e assuntos relacionados a ele. Lidar com o bem-estar das pessoas exige atenção, e oferecer um serviço direcionado e personalizado é ter um diferencial. Já pensou nisso?

* Rodrigo Correia da Silva é formado em Advocacia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Fundou a Correia da Silva Advogados, escritório e consultoria com 20 anos de existência. Foi conselheiro e presidente da Filial/SP da Britcham. Atualmente, leciona no MBA da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e é CEO da Suprevida, plataforma de informação, contratação de serviços e produtos médicos.