Vergonha causada pelos sintomas da Doença de Crohn e retocolite ulcerativa pode fazer com que os pacientes não recorram aos serviços de saúde para tratamento¹
Aprender a falar sobre as doenças inflamatórias intestinais pode ajudar a combater o estigma²
Os sintomas das doenças inflamatórias intestinais (DII), sendo a Doença de Crohn e retocolite ulcerativa, podem incluir ambos sintomas gastrointestinais e sistêmicos, os quais podem levar à interrupção das atividades, causando constrangimento e preocupação para os pacientes. Estes impactos imediatos resultam em uma cascata de efeitos na vida dos pacientes e em seu bem-estar psicológico.³
A DII tem impactos psicológicos significativos devido à flutuação dos sintomas diários e à imprevisibilidade de exacerbações ou crises, constrangimento e estigma dos sintomas da DII, entre outros fatores, que podem causar ansiedade, depressão e outros efeitos emocionais.³
“A aceitação do diagnóstico pode acarretar uma série de emoções, desde a raiva até uma sensação de alívio, por finalmente saber o que está acontecendo. O mais importante é não se perder em sentimentos negativos, como autopiedade, culpa ou solidão”, afirma o gastroenterologista Dr. Flavio Steinwurz, presidente da Organização Panamericana de Crohn e Colite.
A aceitação pode ajudar o paciente a realizar suas atividades diárias o máximo possível, seguir com as instruções dos médicos e manter uma atitude positiva e visão otimista da vida.⁴
Dificuldades emocionais, especialmente negação da doença, de alguma forma podem ser maiores em grupos mais jovens do que entre adultos mais velhos.⁴
O pico de incidência das doenças inflamatórias intestinais ocorre entre os 15 e 30 anos, mas elas podem afetar pessoas de qualquer idade⁶. Quando feito o diagnóstico, por exemplo, 15% delas estão acima de 60 anos⁶. “Indivíduos mais jovens, apesar de muito escolados em alguns temas, têm certos constrangimentos em tocar em temas sensíveis como diarreia, aparecimento de sangue ou pus nas fezes. Por isso, a melhor forma de diminuir o estigma em relação às doenças ainda é a educação”, ressalta o gastroenterologista.
De acordo com o especialista, apesar de as doenças afetarem cerca de cinco milhões de pessoas em todo o mundo⁵, ainda há estigmas a serem vencidos. “É possível manter a vida diária normal com uma doença inflamatória intestinal. Abordar o tema com naturalidade pode auxiliar a diminuir estes estigmas e contribuir para um diagnóstico mais precoce”, finaliza Steinwurz.
Referências
1- Experiência de Crise na Doença Inflamatória Intestinal: um estudo fenomenológico-existencial
Sara Luísa Do Rego Neves. Disponível em: https://repositorio.ispa.pt/bitstream/10400.12/3968/1/18274.pdf. Acesso em 27 de junho de 2020
2 – Crohn’s & Colitis Foundation of America [Internet] Navigating Daily Life with IBD. Disponível em https://www.crohnscolitisfoundation.org/mental-health/navigating-daily-life-with-ibd. Acesso em 27 de junho de 2020
3- Devlen J, et al. The burden of inflammatory bowel disease: a patient-reported qualitative analysis and development of a conceptual model. Inflamm Bowel Dis. 2014;20(3):545-552.
4 – Crohn’s & Colitis Foundation of America. Fact sheet news from IBD help center. Emotional Factors. Disponível em: https://www.crohnscolitisfoundation.org/sites/default/files/legacy/assets/pdfs/emotional.pdf. Acesso em 27 de junho de 2020.
5- Burisch J, et al. The epidemiology of inflammatory bowel disease. Scand J Gastroenterol. 2015;50(8):942-51.
6- Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa. Grupo de assistência multidisciplinar em estomias e doença inflamatória intestinal. Disponível em: https://abcd.org.br/wp-content/uploads/2017/11/Gibi-Hist%C3%B3ria-em-Quadrinhos-sobre-DII.pdf. Acesso em 27 de junho de 2020
7- World Gastroenterology Organisation Practice Guidelines. Doença inflamatória intestinal: uma perspectiva global. 2009. Disponível em: https://www.worldgastroenterology.org/UserFiles/file/guidelines/inflammatory-bowel-disease-portuguese-2009.pdf Acesso em 27 de junho de 2020
8- Crohn’s & Colitis Foundation of America.The facts about Inflammatory Bowel Disease. Disponível em: https://www.crohnscolitisfoundation.org/assets/pdfs/updatedibdfactbook.pdf Acesso em 27 de junho de 2020