Sugestão – 17% dos médicos já usam IA no Brasil: o que isso muda na prática?

A pesquisa TIC Saúde 2024 revelou que 17% dos médicos no Brasil já utilizam tecnologias de inteligência artificial (IA) generativa em suas rotinas profissionais. O levantamento analisou a adoção da tecnologia em unidades de saúde públicas e privadas em todo o país. Segundo os dados, a utilização da IA entre médicos foi de 14% em instituições públicas e 20% em privadas, sendo mais expressiva (20%) entre os profissionais que atuam em hospitais com mais de 50 leitos. Os principais usos da tecnologia incluem o suporte à realização de pesquisas (69%) e a elaboração de relatórios médicos (54%). Com isso, muitas pessoas acreditam que a IA vai dominar o âmbito médico, podendo prejudicar esses profissionais, mas não é bem isso que está ocorrendo.
Para o médico e empresário Antonio Carlos Júnior, CEO e fundador da Cia do Médico, rede de clínicas médicas que tem em seu core business um modelo de programa de acompanhamento médico acessível, a IA não deve ser vista como uma ameaça à profissão médica e sim como uma ferramenta complementar. “A inteligência artificial é uma aliada. É uma segunda opinião, um parecerista digital, acelerador de diagnósticos e desfechos clínicos”.
Segundo Antonio, ignorar os avanços tecnológicos pode custar caro. “Você pode até ignorar os avanços da IA na Medicina, mas não consegue evitar as consequências de ignorar esse avanço. Se o futuro confirmar que a IA reduz erros médicos, melhora a assertividade em laudos e diagnósticos, e impacta positivamente nos desfechos clínicos, evitá-la será um ato de negligência.”
O CEO da Cia do Médico também destaca que a IA pode assumir tarefas operacionais e repetitivas, como análise de exames, estruturação de relatórios e triagem de informações clínicas, permitindo que o médico dedique mais tempo ao que realmente importa, o cuidado humano. “A IA não tem empatia, não escuta a dor do paciente, não compreende o contexto emocional e social de uma doença. Mas ela pode entregar ao médico um arsenal de dados relevantes com muito mais agilidade e precisão. Isso fortalece o papel do médico como tomador de decisões clínicas com base em evidências.”
Ainda há desafios no caminho. O uso ético da IA na medicina exige regulamentações claras da Anvisa, do Conselho Federal de Medicina (CFM) e protocolos bem definidos de governança de dados. Antonio também alerta para a necessidade de atualização urgente na formação médica. “As faculdades de Medicina precisam incluir inteligência artificial no currículo. Não basta saber usar a ferramenta, é preciso compreender os impactos éticos, legais e clínicos da IA na jornada do paciente”.
Para o CEO da Cia do Médico, o futuro da medicina será uma colaboração entre médicos e máquinas. “Os médicos que dominarem essas ferramentas sairão na frente. Não se trata de competição, mas de integração. O profissional do futuro será aquele que une a sensibilidade humana à precisão tecnológica.