Além de estarem debruçados sobre estudos e pesquisas em busca de possíveis tratamentos e vacinas para a covid-19, cientistas e pesquisadores também buscam entender os efeitos que o período de quarentena pode trazer às pessoas. Na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), algumas pesquisas em andamento têm o objetivo de avaliar questões comportamentais e de hábitos da saúde nesse período em que estamos vivendo.

Uma das pesquisas, desenvolvida pelo Departamento de Psicobiologia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp), investiga o impacto psicológico da quarentena e do isolamento social devido à covid-19 nos possíveis usuários de substâncias psicoativas. Por meio da aplicação de um formulário on-line, os pesquisadores querem compreender como a população brasileira está se comportando em relação à ansiedade, depressão e uso dessas substâncias.

A pesquisa ainda está na fase de coleta e pode ser respondida por qualquer pessoa que tenha acima dos 18 anos, sem necessidade de ser usuária de algum tipo de substância psicoativa. As questões buscam levantar dados sociodemográficos, informações referentes ao grau de isolamento realizado, aspectos emocionais e a frequência quanto ao uso de substâncias. Para participar, basta acessar este link .

Em outro estudo, pesquisadores do Campus Baixada Santista da Unifesp avaliarão aspectos como consumo alimentar, segurança alimentar e nutricional, atividade física, ansiedade e comportamento alimentar durante o período da quarentena. Para isso, usará como base da pesquisa estudantes com idade entre 18 e 30 anos, regularmente matriculados nos cursos de graduação e pós-graduação da própria instituição.

Os questionários serão respondidos em intervalos de vinte dias – procedimento que será repetido até o fim da quarentena. Após o término do período de quarentena, três e seis meses depois, os participantes serão convidados novamente a responderem os questionários, a fim de determinar os efeitos na saúde após esse período. Mesmo sendo realizado apenas com os estudantes da universidade, o levantamento permitirá, por amostragem, a obtenção de evidências científicas sobre os efeitos dessas medidas na saúde.

Em outra frente diretamente relacionada à covid-19, a Escola Paulista de Medicina da Unifesp também dá andamento a um levantamento que vai analisar o impacto psicológico e os aspectos emocionais dos médicos residentes que estão atuando no combate à pandemia em todo o país.

Por meio da aplicação de escalas através de um formulário on-line, os pesquisadores avaliarão como esses profissionais estão se sentindo e como estão lidando com a pandemia do novo coronavírus. Para isso, a pesquisa, que pode ser acessada neste link , deve ser respondida por médicos residentes de todos os estados brasileiros.

Outras ações

Enquanto desenvolve essas pesquisas, a Unifesp segue empenhada em outras iniciativas com o uso da ciência. Um grupo de estudantes, professores e profissionais da universidade, em conjunto com o Hospital São Paulo (HSP/HU Unifesp), o Instituto Federal de Goiás e o Instituto Federal Goiano (Campus Trindade), estão desenvolvendo um sistema para descontaminação utilizando lâmpada UV-C germicida a ser utilizado em ambientes com o novo coronavírus.

O foco é a descontaminação de equipamentos – tanto os de proteção individual quanto os locais que entrariam em contato com indivíduos com covid-19. Atualmente, a equipe tem trabalhado no aprimoramento de uma esteira de descontaminação, que daria maior velocidade ao processo, com mais segurança aos envolvidos.

A esterilização de ambientes hospitalares por luz ultravioleta já ocorre em outros países. Nesse projeto, estão sendo utilizadas na luminária e esteira lâmpadas de 36W com 254 nanômetros de comprimento de onda. A velocidade de descontaminação é um aspecto relevante, visando à redução do tempo de exposição dos envolvidos aos raios UV.

Além desse trabalho, a instituição também está envolvida na contribuição científica para a busca de um possível tratamento à covid-19. Nesse sentido, a Unifesp integra o corpo de estudos sobre o uso de plasma sanguíneo para transferir anticorpos de pacientes que se recuperaram da doença para combater a infecção nos indivíduos doentes, bem como o estudo que avalia os efeitos da hidroxicloroquina na possível prevenção de formas moderadas a graves da covid-19 em pacientes com doenças reumáticas autoimunes que já utilizam o medicamento.

Paralelamente, pesquisadores da Disciplina de Cirurgia Vascular da EPM estudam a relação entre a covid-19 e complicações no sistema vascular. O estudo é prospectivo observacional e já conta com 50 participantes que estão internados nas unidades de terapia intensiva do HSP/HU Unifesp diagnosticados positivamente com o novo coronavírus. No momento, está sendo verificada a existência dessas complicações que possam influenciar na evolução clínica e desfechos desfavoráveis.

Os trabalhos nessas diversas áreas de atuação mostram a importância da ciência e da universidade pública no combate à pandemia.