Você sofre com aftas? Descubra quando se preocupar com tais feridas na boca

Você já abusou dos alimentos ácidos e no dia seguinte acordou com a boca toda machucada? Popularmente conhecidas como aftas, essas feridas são um tipo de úlcera bucal.

“Os ferimentos podem decorrer de lesões traumáticas, herpes, estomatites e até câncer de boca”, pontua o Dr. Ullyanov Toscano, especialista em cabeça e pescoço.

Apesar de muito dolorosas, geralmente são curadas espontaneamente, com o auxílio de uma boa higiene bucal e alguns cuidados com a alimentação.

“Não existe um exame específico para diagnosticar as aftas, mas é possível identificá-las na consulta clínica. Em outros casos, uma biópsia da lesão pode ser necessária se houver suspeitas de outras doenças”, comenta o médico.

Se houver muita dor ou dificuldade para deglutir, pode-se recorrer a tratamentos sintomáticos, como bochechos com medicamentos e a aplicação de pomadas para uso oral com analgésicos. Em casos mais graves, pode ser necessário o uso de anti-inflamatórios sistêmicos ou fármacos que reduzem a acidez estomacal.

Não se sabe ao certo por qual motivo algumas pessoas desenvolvem tais lesões, mas a causa pode estar relacionada ao estresse, a um machucado nos tecidos moles da boca, dentaduras que não se ajustam corretamente, aparelho ortodôntico, além da ingestão de alimentos ácidos, como laranja e morango.

“Uma úlcera bucal deve cicatrizar em até 21 dias e a grande preocupação é quando não somem dentro deste período”, sinaliza o médico ao afirmar que caso isso aconteça, é importante procurar um especialista para descartar a hipótese de ser uma patologia neoplástica.

Dados revelam que o câncer de cabeça e de pescoço corresponde a 3% de todos os tipos de neoplasias. Quando ocorrem na boca é preciso diferenciar as aftas comuns das que podem sinalizar a ocorrência desta doença que, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), é a segunda mais frequente em homens, atrás apenas do câncer de próstata.

“As aftas são dolorosas e normalmente desaparecem em até duas semanas. Já a lesão que pode indicar um diagnóstico mais grave não cicatriza nesse período e, na maioria dos casos, tende a piorar e aumentar de tamanho com o passar do tempo. Outra característica de uma lesão cancerígena é a ausência de dor, que se torna presente nos estágios iniciais da enfermidade”, finaliza o Dr Ullyanov.

Ullyanov Toscano: Graduado em medicina pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e doutorado em ciências pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, é médico-cirurgião de cabeça e pescoço da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e cirurgião de cabeça e pescoço do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Tem experiência nos seguintes temas: tumores de cabeça e pescoço, carcinoma espinocelular, cirurgia de cabeça e pescoço, robótica e carcinoma basocelular.