TPM, acúmulo de trabalho, acordar com “o pé esquerdo”, você é daquelas que sente vontade de chorar sem motivo? Sinto lhe informar, mas alguma razão existe, até quando ela não está aparente, pontua a psiquiatra Maria Francisca Mauro.

“Se as crises de choro não têm um motivo claro, escute com atenção o que o seu corpo tem a dizer. Se preciso, você pode contar com uma ajuda neste caminho”, esclarece a doutoranda em psiquiatria e saúde mental pelo PROPSAM/IPUB/UFRJ.

Frequentemente, pessoas que choram por qualquer motivo são chamadas de “manteiga derretida”. Filmes, histórias felizes, músicas, nada passa despercebido para elas sem que escorra uma lágrima. No entanto, o choro sem motivo não, necessariamente, é sinal de depressão, já que ele pode também ser alegria. “O sinal de alerta é dado quando a pessoa não consegue ver graça em nada, e não ri. Essa é a hora de avaliar o que está acontecendo”, pontua Maria Francisca.

Mas, se chorar não é indício de problemas emocionais, então, quais sinais precisamos ter atenção? A psiquiatra esclarece as principais dúvidas sobre o tema, a seguir. Confira:

Qual é a diferença de tristeza e depressão

A primeira coisa que você precisa saber para diferenciá-las é que a tristeza precisa estar relacionada a uma causa, ou seja, a um motivo, como a perda de um ente querido, o fim de um relacionamento, e a depressão é caracterizada como uma doença, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Quando a tristeza se torna constante, pode ser um sinal de que seu organismo está precisando de ajuda, ou seja, quando falamos “doença” é porque aquele nível de tristeza já não pode ser tratado com um bom momento, ou mesmo, com a companhia de quem se ama.

Mesmo com tantos pontos em comum, a depressão e a tristeza são conceitos amplamente diferentes. A tristeza é uma das consequências da depressão, juntamente com outros sintomas, como a angústia e a apatia. Também, em especial, alterações do sono e da fome podem ficar alterados, assim como a forma de pensar sobre a vida.

Vontade de chorar do nada, como identificar a causa?

Embora seja visto como um sinal de fraqueza em nossa sociedade, de acordo com especialistas, deixar as lágrimas rolarem de vez em quando é a melhor forma de aliviar sentimentos e emoções ruins.

Conforme você experimenta o mundo, alguns acontecimentos podem mexer com os seus sentimentos, por isso, algumas vezes você pode se sentir para baixo e com vontade de chorar sem motivo.

Muitas das vezes, nomear o que estamos sentindo nos ajudará a diferenciar a tristeza da depressão. Além disso, saber identificar as causas do choro pode facilitar as maneiras de lidar com toda essa situação.

Será que estou com depressão?

Chorar sem motivo não é, necessariamente, um sinal de depressão. Para que um profissional avalie e chegue ao diagnóstico é preciso que outros sintomas estejam associados, como: não ver graça em nada; não ter vontade de sair de casa; pessimismo; não ter prazer na vida; falta de concentração; falta de sono ou sono demasiado.

Ao perceber que um ou mais sintomas estão associados as suas crises de choro, é hora de pedir ajuda.

O que fazer para se sentir melhor?

Tenho certeza que algumas atitudes vão te fazer sentir muito melhor. Por isso, listei a seguir:

Converse com amigos e familiares. Construir uma rede de apoio é essencial para os momentos em que nos sentimos para baixo, tristes e com vontade de chorar sem motivo. Fale com pessoas próximas sobre o que lhe aflige, desabafar e colocar tudo para fora continua sendo um bom início para cuidar de emoções ruins.

Tire um tempo para si. Para além dos cuidados domésticos, dos filhos, do trabalho e das “obrigações”, procure destinar alguns minutos para fazer algo que simplesmente te faça relaxar.

Pratique exercícios. Uma caminhada pode ser importante para que você saia do sedentarismo e comece a movimentar o corpo. Depois, pense no que você pode introduzir nessa rotina de movimento, como abrir mão do elevador, levantar do sofá e não ficar apenas sentado o dia todo. Aos que saíram desta fase, pensem que precisam do exercício físico para terem os benefícios emocionais de se movimentar. Coloque na sua rotina o que irá conseguir fazer. Pode ser uma aula online com professor, alguma atividade em grupo ou ter um lugar específico como uma academia ou clube. Dê o primeiro passo e liste como uma prioridade.

Alimente-se bem: Lembre-se de ter uma alimentação saudável, mas sem restrições. Nada de seguir dietas milagrosas que prometem resultados instantâneos. Cuidar da sua alimentação vai garantir um equilíbrio saudável entre corpo e mente.

Busque ajuda profissional: É preciso se permitir sentir as emoções, sejam elas boas ou ruins. Você pode contar com o Centro de Valorização à vida e programas públicos quando não conseguir lidar mais com os seus sentimentos.

Psiquiatra Maria Francisca Mauro: Mestre em Psiquiatria pelo PROPSAM/IPUB/UFRJ. Psiquiatra associada da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), doutoranda em psiquiatria e saúde mental pelo PROPSAM/IPUB/UFRJ, representante discente da pós-graduação do IPUB/UFRJ junto à comunidade acadêmica geral da UFRJ e do IPUB. Desde 2008 atua como psiquiatra clínica e tem experiência em pacientes com quadros graves, como depressão, ansiedade, alterações de comportamento alimentar, transtorno bipolar do humor, esquizofrenia e quadros psiquiátricos ainda em investigação para definição diagnóstica. Participou da equipe de interconsulta psiquiátrica dos hospitais Clínica São Vicente, Pro-Cardíaco e São Lucas.