Welcome Saúde realiza debates com lideranças da Saúde em Brasília

O evento reúne lideranças do setor e, este ano, entre as discussões estavam a integração entre público e privado e desafios de gestão para os próximos quatro anos

Na última terça-feira (07) aconteceu em Brasília (DF) o Welcome Saúde. O evento foi promovido pela Healthcare, plataforma B2B de conteúdo e eventos para a Saúde do Grupo Mídia. Com o tema central “Perspectivas políticas e econômicas para os próximos quatro anos”, o evento reuniu lideranças do setor para dois debates e networking qualificado. Questões como integração da saúde pública e suplementar e desafios de gestão e financiamento foram destacados pelos speakers presentes.

Na primeira mesa de debates, “Mudança no comando: a nova gestão brasileira e seus impactos na Saúde”, Paulo Henrique Fraccaro, superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (ABIMO) destacou a renovação do Ministério da Saúde e se colocou à disposição para que as questões sejam bem elaboradas com as lideranças neste quadriênio. Porém, lembrou que os desafios são muitos. A moderação da mesa ficou a cargo de Lauro Miquelin, CEO da L+M.

]Hisham Hamida, membro da diretoria executiva do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e secretário municipal de Saúde de Pirenópolis (GO) levantou o subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS) como ponto de atenção persistente. Comparando os valores disponíveis para os setores públicos e privados, segundo ele. “Não há nenhum plano de saúde que entrega o que o SUS entrega com valores tão baixos por habitante.” Hamida falou, ainda, da necessidade de avanços na questão de coleta de dados e incorporação de tecnologias para tomada de decisões e de discussões junto ao Congresso Nacional, como as emendas parlamentares que beneficiem a ponta.

Ainda repercutindo os valores destinados ao setor, Fraccaro lembrou que a judicialização da saúde é um meio que quebra o sistema, seja ele público ou privado. Ressaltou ainda que o SUS oferece uma saúde universal, ainda que precise de melhorias.

Pedro Westphalen, Deputado Federal (PP-RS), apontou gargalos no funcionalismo público, que afeta diretamente as questões de financiamento. Para ele, os colaboradores poderiam ser melhor remunerados e isso deve ser enfrentado no legislativo. Nesse contexto, Renato Casarotti, presidente da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), lembrou que o setor como um todo tem falhas.  “É voltarmos na discussão da reforma administrativa.”

Na segunda mesa de debates, “Saúde para todos: as iniciativas políticas e econômicas para suprir essa necessidade” a interação entre público e privado foi pontuado por Adelvânio Francisco Morato, presidente da Federação Brasileira De Hospitais (FBH). Segundo ele, a realidade da pandemia deixou isso mais em evidência, sendo preciso pensar formas de parceria. Para Morato, discutir Saúde no Brasil necessita de uma discussão com políticas públicas que estejam atentas aos hospitais de pequeno e médio porte que, segundo ele, representam 70% dessas unidades no país. “Sem eles, é impossível ter assistência para toda nossa população.” O moderador da mesa foi Marco Bego, diretor executivo do Instituto de Radiologia do HCFMUSP.

Marco Aurélio Ferreira, diretor de relações governamentais da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), que reúne 135 dos maiores hospitais brasileiros acreditados, representando 1/4 da Saúde suplementar, explica que a associação defende, não apenas os interesses dos hospitais, mas da saúde brasileira como um todo. “Acompanhamos os 1.695 projetos de lei na área da saúde. A palavra-chave é o diálogo.” Segundo ele, é preciso contribuir para aquilo que é novo e avançar. “Não podemos sair dos eventos com as mesmas discussões, estamos em uma nova era pós-pandemia. Precisamos discutir indicadores, inteligência artificial, telemedicina, parcerias público e privado.” Ele ainda cita o trabalho com a Reforma Tributária, que impacta na Saúde como um todo.

Osnei Okumoto, diretor presidente da Fundação Hemocentro de Brasília e ex-secretário de Saúde do Distrito Federal e ex-secretário da secretaria de vigilância em Saúde do Ministério da saúde, destacou também a parceria entre público e privado para oferecer o melhor atendimento, como diminuição de filas e respostas rápidas à população. “Precisamos ser criativos para utilizar os recursos devidamente.”

Levando em conta, dentro do gargalo do financiamento, a complexa logística da saúde, Sérgio Rocha, presidente da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (Abraidi), concorda que a pandemia, ainda que por meio de uma tragédia histórica, mostrou como a saúde funciona, ou seja, fora do trio: hospitais, médico e medicamento. “As pessoas entenderam o que é um respirador. A falta que faz uma máscara.” Ele destaca que neste período houve um trabalho conjunto para enfrentar o que estava acontecendo.

Para o presidente do Grupo Mídia, Edmilson Jr. Caparelli, o objetivo do evento é oferecer uma análise destes cenários e promover o desenvolvimento do país a partir das soluções propostas. “Sabemos que a Saúde é um setor extremamente estratégico para o Brasil, portanto visamos pautar o assunto e promover conhecimento, relacionamento e negócios para os participantes, por meio de um público qualificado e debates de valor.”

A edição 2024 está prevista para dia 29 de fevereiro. O evento será estendido para um dia inteiro de debates também em Brasília (DF).

Créditos das fotos: Rafael Carvalho e Jhonatan Cantarelle