Um terço dos pacientes portadores de fibrilação atrial sem tratamento não possui justificativa para essa decisão registrada em seus arquivos médicos

Rubens de Fraga Júnior

Resultados de um estudo transversal publicado recentemente na Geriatrics , Gerontology and Aging por Vitor Pelegrim de Oliveira, Renato Gorga Bandeira de Mello, Andry Fiterman Costa, Roberta Rigo Dalla Corte, Francine da Rocha Flores, Nicóli Bertuol Xavier, Nathália Marzotto Nunes, e Emilio Hideyuki Moriguchi, com uma amostra consecutiva de 1.630 pacientes do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, registrou a presença de fibrilação atrial (FA) em 220 (13,50%) indivíduos.

A prevalência da prescrição de anticoagulação entre pacientes com FA foi de 77,93%. As principais razões para não prescrever anticoagulação oral (ACO) foram sangramento prévio (15,63%) e questões sociais (12,50%). Em 31,25% dos pacientes sem anticoagulação, não houve justificativa registrada para tal tomada de decisão.

O medicamento mais prescrito foi varfarina (76,11%), seguido por rivaroxabana (15,93%) e apixabana (4,42%). Os DOAC somados representaram 21,23% da opção farmacológica, ocupando espaço cada vez maior no nosso arsenal terapêutico, mesmo em se considerando o seu custo ainda elevado em um cenário com número significativo de pacientes de baixa renda.

Os autores encontraram associação entre baixa funcionalidade e maior eficácia da anticoagulação, avaliada pelo índice de TP no alvo. Segundo os mesmos, esta poderia ser explicada pela administração dos medicamentos por terceiros, garantindo maior adesão. Os autores destacam, porém, que esse achado deve ser interpretado com cautela em razão do número reduzido de pacientes com baixa funcionalidade em acompanhamento.

Fornecido por Geriatrics, Gerontology and Aging.
Prevalence of atrial fibrillation, oral anticoagulation prescription and associated factors in Brazilian older adults
Oliveira VP, Mello RGB, Costa AF, Corte RRD, Flores FR, Xavier NB, Nunes NM, Moriguchi EH

Geriatr Gerontol Aging (2020)
https://cdn.publisher.gn1.link/ggaging.com/pdf/GGA_2000065_PT_AOP.pdf

Rubens de Fraga Júnior é Especialista em geriatria e gerontologia. Professor titular da disciplina de gerontologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná.