Período conhecido como janela imunológica tem influência na detecção do vírus HIV. Sendo o exame positivo, uso regular da medicação antirretroviral pode proporcionar carga viral indetectável e qualidade de vida.

Durante o Carnaval, é comum observarmos um aumento significativo no consumo de álcool e outras substâncias, o que pode levar a uma maior incidência de relações sexuais desprotegidas. Esse comportamento coloca as pessoas em risco não apenas de gravidez indesejada, mas também de contrair Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), incluindo o HIV. É importante ressaltar que, aproximadamente um mês após esse período festivo, é fundamental que aqueles que estiveram expostos a situações de risco realizem exames sorológicos. Em caso de resultado positivo, é crucial iniciar o tratamento com a medicação antirretroviral o mais rápido possível.

De acordo com a Drª Daniela Vinhas Bertolini, médica infectopediatra voluntária da Organização Não Governamental (ONG) Projeto Criança Aids (PCA), a “janela imunológica” compreende o período desde a infecção com o HIV até o momento que o exame sorológico com o teste rápido ou com a sorologia convencional resulta positivo.

“A grande maioria das pessoas com um mês já tem o resultado do exame positivo, mas tem pessoas que podem demorar três meses. Por isso, quem se expôs a uma situação de risco sexual no Carnaval, deve realizar um exame agora em março e, sendo negativo, deve repetir o exame em maio”, detalha Bertolini, que também pertence ao Programa Estadual de HIV/Aids de São Paulo e à Coordenadoria Municipal de HIV/Aids de São Paulo.

De acordo com a especialista, a melhor atitude para uma pessoa que se expõe a uma situação de risco é procurar um serviço de saúde em no máximo 72 horas. Essa pessoa será avaliada, submetida a um exame e sendo negativo para HIV, ela vai ser medicada com a PEP (Profilaxia Pós-Exposição), composta da medicação antirretroviral.

“A PEP é uma medida que revolucionou a história da prevenção do HIV, porque se a pessoa toma direitinho, a chance de se infectar pelo HIV é praticamente zero. Se uma pessoa teve uma exposição, por exemplo, no sábado de Carnaval, ela teria que ter procurado um serviço de saúde até terça-feira do mesmo período, para ser medicada”, explica ela.

Porém, acrescenta Bertolini, quando a pessoa se expõe com muita frequência ou quer aumentar sua possibilidade de proteção, ela pode fazer uso da PreP (Profilaxia Pré-Exposição), quando toma uma medicação preventiva todos os dias: “Dessa maneira, a chance de se infectar também vai ser praticamente zero. Além disso, a pessoa pode fazer a ‘prevenção combinada’, quando utiliza mais de um método de prevenção, como a PreP e o preservativo. Todos eles disponíveis gratuitamente no SUS”.

Qualidade de vida – A médica infectopediatra orienta quando a pessoa é diagnosticada com HIV iniciar o tratamento com a medicação antirretroviral imediatamente: “Dessa maneira, a infecção pelo HIV pode ser controlada e a carga viral, que é a quantidade de vírus que ela tem no sangue, irá se tornar indetectável. Todas as pessoas que vivem com HIV, que realizam o tratamento regularmente e que são indetectáveis por mais de seis meses, são consideradas sexualmente intransmissíveis, ou seja, a chance de infectar outra pessoa é zero”.

Para a especialista, essa informação é importante porque diminui o estigma e o preconceito em relação às pessoas que vivem com HIV, um dos principais problemas mundiais no enfrentamento do HIV/Aids nesta quinta década de sua emergência. “Mesmo assim, é importante mencionar que a medicação não consegue curar, mas a pessoa vai ter qualidade de vida como uma pessoa que não vive com HIV”, conclui a especialista.

Palestras Educativas

O Projeto Criança Aids desempenha um papel crucial na disseminação de informações vitais sobre HIV/Aids por meio de suas palestras educativas. Com um enfoque abrangente, abordam temas fundamentais como a janela imunológica, a eficácia da PrEP (profilaxia pré-exposição) e PEP (profilaxia pós-exposição) na prevenção do HIV, além da importância do autoteste como uma ferramenta de diagnóstico acessível. As palestras também destacam a eficácia da prevenção combinada, que integra diversas estratégias de prevenção, e esclarecem sobre o conceito revolucionário de I=I (indetectável = intransmissível), empoderando indivíduos com HIV. Além disso, não deixam de abordar a transmissão vertical e a importância da TARV (terapia antirretroviral) na prevenção da transmissão do HIV de mãe para filho, garantindo um futuro saudável para as crianças.

“Entendemos profundamente a importância de levar conhecimento através de nossas entrevistas, palestras e rodas de conversa para o maior número de pessoas possível! Sabemos que ter as informações corretas e saber como agir nas situações de risco pode fazer toda a diferença entre ser infectado ou não. É nosso compromisso garantir que todos tenham acesso a esse conhecimento vital, capacitando indivíduos a protegerem a si mesmos e aos outros. Juntos, podemos transformar realidades e construir um futuro mais saudável e seguro para todos”, frisou a presidente do projeto, Adriana Galvão Ferrazini.