Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil deve registrar mais de 66 mil novos casos de câncer de mama em 2020, o que representa uma taxa de incidência de 43,7 casos por 100 mil mulheres. O câncer de mama é o mais incidente em mulheres no mundo todo, sendo a quinta causa de morte por câncer em geral (626.679 óbitos em 2018) e a causa mais frequente de morte por câncer em mulheres.
O diagnóstico precoce nas fases iniciais é fundamental para aumentar a possibilidade de tratamentos menos agressivos e com maior índice de sucesso. Em 19 de outubro celebra-se o Dia Internacional de Combate ao Câncer de Mama, data que deu origem à campanha de prevenção e conscientização Outubro Rosa, que tem como objetivo principal alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama.
Além de ações para reduzir as chances de desenvolvimento da doença, como evitar a exposição aos fatores de risco de câncer e a adoção de um modo de vida saudável, a realização do autoexame é essencial na prevenção ao câncer de mama, que não tem uma causa única – há diversas causas externas (presentes no meio ambiente) e internas (como hormônios, condições imunológicas e mutações genéticas) que podem levar ao desenvolvimento da doença.
Uma vez diagnosticado, é preciso buscar o tratamento adequado para o câncer de mama. Existem diferentes alternativas que devem ser definidas de acordo com o perfil da paciente e estágio da doença. Entre os tratamentos disponíveis estão a Radioterapia Externa Pós-operatória (EBRT), na qual são realizadas aplicações externas e periódicas de radioterapia após o procedimento cirúrgico, em período que costuma variar de 3 a 6 semanas, e a Radioterapia Intraoperatória (IORT), na qual é realizada uma única aplicação de radioterapia na área afetada, ainda no centro cirúrgico, logo após a cirurgia de remoção do tumor.
Estudo realizado pela University College London, denominado TARGIT-A (radioterapia intraoperatória versus radioterapia externa para o câncer de mama), publicado na British Medical Journal no mês de agosto, aponta técnica IORT como alternativa eficaz e inovadora para tratamento padrão contra a doença. Realizado por quase vinte anos (com início em março de 2000), o estudo analisou 2.298 pacientes, dos quais 1.140 foram tratados com IORT, e apresentaram resultados equivalentes aos dos pacientes submetidos à EBRT a longo prazo sem, no entanto, enfrentar os efeitos colaterais da radioterapia externa, evidenciando os benefícios da IORT.
Os pesquisadores destacam que os pacientes que receberam o tratamento com IORT, apresentaram menor probabilidade de desenvolvimento de outros tipos de câncer e de doenças cardíacas, bem como de morte nos cinco anos seguintes ao procedimento. Com isso, o estudo TARGIT-A estabelece a IORT como uma opção de tratamento padrão para o câncer de mama em estágio inicial.
A médica diretora da mastologia do Hospital AC Camargo, Dra. Fabiana Makdissi, acredita que em tempos de pandemia, um tratamento em uma única sessão é ainda mais importante para as pacientes em tratamento contra o câncer, devido a não necessidade de se movimentarem pela cidade. “Quando a paciente está dentro dos critérios de seleção para esta terapia, os benefícios clínicos, sociais, financeiros e psicológicos são enormes. Seria muito importante instituições públicas e privadas adotarem a técnica para tratamento de câncer de mama em estágio inicial, pois ela reduz o tempo de tratamento drasticamente, o que é essencial diante do cenário atual de isolamento social”, explica a especialista.
Referência mundial em tecnologia voltada à saúde, a multinacional alemã ZEISS desenvolveu o INTRABEAM®, sistema de radioterapia intraoperatória portátil, com acelerador linear móvel de baixa energia, utilizado em centros cirúrgicos para o tratamento de radioterapia intraoperatória de dose única. O equipamento, disponível no Brasil desde 2013, permite um tratamento direcionado e pode ser usado em diversos tipos de tumores, sendo que a radioterapia intraoperatória é feita logo após a ressecção do tumor. Com duração de aproximadamente 30 minutos, a aplicação não oferece riscos à paciente ou à equipe médica e promove a melhoria na qualidade de vida das pacientes, que retornam ao seu convívio social e às suas atividades cotidianas mais rapidamente.
O INTRABEAM® é utilizado no tratamento do câncer em diversos hospitais do país, como AC Camargo Câncer Center (SP), Hospital Oswaldo Cruz (SP) e Instituto de Mastologia e Oncologia (GO). Além disso, as pacientes da rede pública podem usufruir da tecnologia por meio de parcerias entre o Sistema Único de Saúde (SUS) e os hospitais que contam com o equipamento, em conformidade com a Portaria n° 1.354/SAS/MS. Ao todo, mais de 45.000 mulheres em todo o mundo receberam tratamento IORT por meio do INTRABEAM®, com excelentes resultados.